
Trinta anos depois de lançar-se nos primeiros musicais do país, Claudia Raia celebra a carreira em “Raia 30 – O Musical”, espetáculo concebido por ela no ano passado. Com direção de José Possi Neto e texto de Miguel Falabella, a peça chega agora ao Rio após passar por São Paulo. Na entrevista a seguir, ela repassa sua trajetória, e diz que, apesar do boom, os musicais brasileiros ainda carecem de dramaturgia e reclama das múltiplas crises do país:
Que dificuldades você enfrentou no começo?
Ninguém, por mais talento que tenha, constrói uma carreira sem oportunidades. E eu tive muitas. É sobre isso que falo no espetáculo. Os encontros, as pessoas que me ajudaram ao longo da carreira. São essas as personagens. E entre elas, a minha mãe (Odette, ex-bailarina e professora de balé), um personagem central.
Você foi uma das responsáveis pela explosão e consolidação dos musicais no país. O que falta hoje?
Quando comecei, fazia musical com microfone de fio. Dava pirueta enquanto pulava o fio. Não era brincadeira. Era precário, e tenho orgulho de ter contribuído para que o país seja, hoje, o terceiro mercado de musicais do mundo. Temos qualidade artística, técnica e tecnológica, mas ainda falta dramaturgia, entender melhor a estrutura de um musical.
Atualizamos um quadro clássico da revista portuguesa, e usamos situações cômicas para falar da crise, e do país de um modo geral, não só do PT.
Estou triste, envergonhada. A briga já não é mais política, é pessoal. Uma lavação de roupa suja que ninguém precisava passar. É um contra o outro, vaidade contra vaidade. E, enquanto isso, o país cada vez mais frágil. Saúde, educação e cultura numa situação delicada. Precisamos sair de onde estamos. Se a Dilma continuar, que continue, se ela sair, que venha outro, mas o que não dá é continuar nesse estado de crise permanente.



