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EVENTO

“Teatro sujo” foi uma marca do 25º Festival de Curitiba

Nudez, lama e até urina marcaram espetáculos mais experimentais

Espetáculo “Caranguejo Overdrive” | Lina Sumizono/Divulgação
Espetáculo “Caranguejo Overdrive” (Foto: Lina Sumizono/Divulgação)

A 25ª edição do Festival de Teatro, que terminou neste domingo, trouxe à cidade uma fatia representativa do teatro experimental nacional. E quem deu preferência a essas peças, que compunham cerca de dois terços da grade – fruto da mudança de curadoria –, viu um “teatro sujo”.

Explica-se: trata-se de peças de grande exposição dos atores, com muita nudez e experimentos com o próprio corpo. Entre os destaques mais apreciados, conforme depoimentos ouvidos pela reportagem antes e depois de nove espetáculos da mostra contemporânea (composta por 34), esteve “Batucada”, em que um grupo de 30 atores e bailarinos comanda uma espécie de ensaio de escola de samba. Até o momento em que todos tiram a roupa, bem próximo do público, saem do teatro e deitam-se de bruços no petit-pavê do Largo da Ordem.

“Nuon”, do grupo Ave Lola. | Jorge Mariano

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“Nuon”, do grupo Ave Lola.

Homem-lama em “Caranguejo Overdrive”, do Rio de Janeiro. | Lina Sumizono/Divulgação

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Homem-lama em “Caranguejo Overdrive”, do Rio de Janeiro.

A atriz Grace Passô estreou seu solo” Vaga Carne” durante o Festival. | Kelly Knevels

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A atriz Grace Passô estreou seu solo” Vaga Carne” durante o Festival.

“La cena” foi a estreia do grupo de dança Guaíra G2. | Humberto Araújo

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“La cena” foi a estreia do grupo de dança Guaíra G2.

André Masseno em “O confete da Índia”. | Lina Sumizono

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André Masseno em “O confete da Índia”.

Para o público especializado, “O Confete da Índia” representou uma quebra ainda mais profunda de limites, já que o performer André Masseno interage com a própria urina.

Apesar de envolver nudez e o toque no corpo do ator, “La Bête” revelou-se mais sutil, um espetáculo-congraçamento. Tratou-se de uma experiência de Wagner Schwartz em que ele manipula uma escultura de Lígia Clark, e depois convida o público a fazer o mesmo com ele próprio. Vencido o medo da interação, do meio para o fim as pessoas já ficavam de pé esperando a vez de moldar a próxima posição do rapaz.

Uma estreia nacional das mais aguardadas pelo público que segue o teatro contemporâneo no país foi “Vaga carne”, em que a atriz Grace Passô (ou “monstro da atuação”, para os íntimos) está sozinha em cena e também assina o texto. Em dado momento, ela utiliza um cano para extrair um óleo negro como se fosse de seu corpo – em sintonia com outros espetáculos que lidam com podridões internas e externas.

Foi o caso de outra produção bem diferente, “Caranguejo Overdrive”, premiado com o Shell-Rio de Janeiro e que, em Curitiba, deixou o público em polvorosa com a batida de música ao vivo do que eles chamam de “musical do manguebeat”. Numa caixa de areia, o ator Felipe Marques cobre o corpo com lama, simulando os crustáceos homenageados e presentes numa gaiola. Ele fica imóvel por muitos minutos e, quando a cena faz esperar uma fala raivosa relacionada à crueza da vida dos habitantes do mangue, diz: “Vocês acham que é fácil ficar aqui parado?”

De pequenos sustos como esse foi feita essa edição do Festival.

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