
A ansiedade em torno de Isolados, do diretor Tomas Portella, uma das estreias da semana nos cinemas, veio com a divulgação do trailer. Enunciando um suspense psicológico, tema pouco abordado pelo cinema brasileiro, a prévia chamou atenção para o que poderia ser a consagração do estilo no país. Além disso, o filme abriu o 42.º Festival de Gramado, em agosto, uma homenagem a José Wilker, morto em abril foi o último trabalho do ator. Mas, talvez, as boas expectativas não se confirmam.
Isolados acompanha o casal Lauro (Bruno Gagliasso) e Renata (Regiane Alves) durante uma viagem curta para a região serrana do Rio de Janeiro. Ele é um psiquiatra centrado e sereno, enquanto ela é ex-paciente de uma condição médica na qual a pessoa acredita estar morta. O refúgio encontrado por eles é, de certa maneira, um terceiro personagem da trama, seja pela sua estrutura uma casa antiga, com vidros por toda parte , ou pelo fato de estar localizado ao lado de uma floresta, onde dois assassinos têm matado e violentado mulheres da região.
As fórmulas de suspense exploradas no filme são conhecidas, mas essa foi uma das intenções do diretor. Assim, no desenrolar da trama, flashbacks e cenas das buscas pelos assassinos se misturam com o clímax, com Lauro e Renata isolados na casa, e terror psicológico predominante. A trilha sonora, os cortes rápidos, alguns sustos e a fotografia cinzenta, mérito de Gustavo Hadba, aumentam a tensão e a angústia predominante no longa brasileiro.
Ainda assim, o trailer agrada mais. Isolados se arrasta por ser mais longo que o necessário e não ter um roteiro coerente. O personagem de José Wilker, por exemplo, tem desnecessárias aparições como o mentor de Lauro. Já Regiane Alves é um dos destaques da produção: passa pelas várias fases de Renata de forma convincente e segura o filme nas costas. A promessa da divulgação não se confirma, e deixa a sensação de que o filme poderia ser melhor.



