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Teatro

Textos de amor, humor e violência

Contos e artigos para jornal de Caio Fernando Abreu são reunidos pelo grupo Teatro de Breque na peça Chiclete&Som, que estreia no TUC

Uyara Corrente participa de Chiclete&Som: textos da fase mais “dark” do escritor gaúcho | Fotos: Divulgação
Uyara Corrente participa de Chiclete&Som: textos da fase mais “dark” do escritor gaúcho (Foto: Fotos: Divulgação)
Edson Bueno substitui Luiz Carlos Pazello na nova temporada de O Evangelho Segundo São Mateus |

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Edson Bueno substitui Luiz Carlos Pazello na nova temporada de O Evangelho Segundo São Mateus

Subjetivos, passionais, os escritos de Caio Fernando Abreu eram consumidos com prazer pelos atores Pablito Kucarz e Uyara Torrente na privacidade da leitura solitária. Levá-los ao palco seria, para esses jovens artistas de teatro, um passo natural. Há dois anos e meio, os dois fundadores do grupo Teatro de Breque começaram então a conceber as ideias que dariam forma à peça Chiclete&Som, uma colagem de contos e artigos para jornal do autor gaúcho morto em 1996, sobre o amor. A montagem, ganhadora do prêmio Myriam Muniz, estreia hoje, às 20 horas, no TUC.

Ao mesmo tempo que parecia uma escolha óbvia, a opção pelo universo de Abreu implicava um desafio. Seria preciso vencer a pessoalidade da literatura do escritor. "É um texto que diz coisas tão significativas para nós, mas como sair do nosso quartinho onde ficamos isolados do mundo e fazer isso virar cena e conversar com o público?", pergunta-se Kucarz, integrante também da Pausa Com­­panhia. Apostaram na força sedutora das histórias, sem fazer concessões estéticas em troca.

"Sem Ana, Blues" é o conto mais presente em Chiclete&Som – ainda assim, em trechos. "Os Dragões Não Conhecem o Paraíso" e "À Beira do Mar Aberto" também aparecem. A produção dos anos 80, "mais dark", é a mais marcante em cena, segundo a diretora convidada, Nina Rosa Sá (integrante do grupo Teatro de Ruído, que recentemente apresentou Na Verdade Não Era...).

A fase aborda o amor que descamba na violência física e verbal, no terrorismo psicológico. São efeitos da dificuldade de comunicação entre os amantes. O incomunicável se traduz na dramaturgia. "Temos textos em diferentes línguas, para criar uma barreira real; atores que não conseguem dialogar, um fala mas o outro não está ouvindo; e simplesmente o não entendimento total, até chegar na violência", diz a diretora.

"Tudo o que a gente lê do Caio é muito passional e extremista. Ele nunca fica em cima do muro. Quando é romântico, vai para o brega e o melodrama. Nunca é bege: ou roxo ou vermelho. A gente chega a uma violência, mas também a uma paixão, que é fruto disso", diz Kucarz.

O exagero nas cores os levou a não se satisfazer com um "teatro plástico e bonito". "Caio fala que, se você quer produzir arte, aquilo tem que sangrar dentro de você. Cutucar até que se transforme em material artístico. Se ficar na superfície, fica raso. A gente se cutucou, se provocou, tentou sangrar um pouco para levar isso para a cena", conta o ator, que fundou com Uyara o Teatro de Breque, estreando com a peça curta O Beijo, no Coletivo de Pequenos Conteúdos.

A atmosfera dramática sugerida pelo tema se dispersa em elementos visuais trash e no humor patético, propositadamente calculados pelo grupo para se opor à seriedade de um amor exacerbado e destruidor. "O patético evidencia uma faceta muito desnuda de uma pessoa, é a realidade palpável que a gente às vezes tenta esconder. É triste, mas não se consegue deixar de rir", justifica Kucarz.

Serviço

Chiclete&Som. TUC – Teatro Universitário de Curitiba (Gal. Julio Moreira – Largo da Ordem), (41) 3321-3312. Direção de Nina Rosa Sá. Com Uyara Torrente, Rúbia Romani, Paulo Vinícius e Pablito Kucarz. Quarta a sexta-feira, às 20 horas. Quinta e sexta-feira, ingressos a R$ 10 e R$ 5 (meia). Às quartas-feiras, R$ 3. Classificação indicativa: 14 anos. Até 27 de novembro.

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