Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Opinião

The Pacific começa violento, mas ainda impessoal

O que se vê na minissérie The Pacific é tenso, violento, e explícito | Divulgação/HBO
O que se vê na minissérie The Pacific é tenso, violento, e explícito (Foto: Divulgação/HBO)

O primeiro capítulo da minissérie The Pacific, exibido no último do­­mingo pelo canal pago HBO, não foi suficiente para servir de base para um julgamento mais definitivo sobre suas qualidades e defeitos. Faltam nove episódios e muito está por acontecer na série. Alguns de seus aspectos, no entanto, já saltaram aos olhos: a qualidade e monumentalidade da produção; a preocupação em não investir em um elenco de grandes no­­mes, emprestando um caráter mais anônimo aos personagens; e o intuito de não enfocar os norte-americanos como grandes heróis e os japoneses como meros vilões. Tudo muito a propósito, portanto.

Algo martelava a mi­­nha cabeça, entretanto. A vontade de comparar o que estava vendo a duas produções recentes sobre a campanha das tropas dos Estados Unidos no Pacífico, durante a Segunda Guerra Mundial: os longas-metragens A Conquista da Honra e As Cartas de Iwo Jima, ambos dirigidos por Clint Eastwood.

Baseada em um trio de livros e em entrevistas com veteranos que participaram da Segunda Guerra no seu front oriental, The Pacific retrata o confronto entre americanos e japoneses a partir da perspectiva de três personagens, todos ligados diretamente à ação militar.

No primeiro episódio, cuja ação se passa logo após o ataque a Pearl Harbor, no Havaí, acontecimento que precipita a entrada dos EUA no conflito, a trinca de soldados é apresentada superficialmente. Logo, ela já cede lugar a uma sucessão im­­pressionante de cenas de combate, que lembram muito sequência inicial (e já antológica) de O Resgate do Soldado Ryan. E não por acaso: os produtores da minissérie são Steven Spielberg, diretor do longa-metragem, que lhe deu o Oscar de melhor direção, e Tom Hanks, seu protagonista.

O que se vê é tenso, violento, explícito. Sangue aos borbotões, pedações de corpos e mortos por todo lado, sob o sol esturricante das Ilhas Salomão.

O melhor momento do capítulo ficou por conta de um embate direto entre os fuzileiros americanos e as tropas japonesas, no qual um dos homens a serviço do Império do Sol é fuzilado aos poucos, com requintes de crueldade, por um pelotão ianque, revoltado com um ataque fulminante sofrido por sua fragata na noite anterior.

O tal trio de personagens centrais é formado por: Robert Leckie (James Badge Dale), que já começa a vivenciar os horrores da Guer­­ra na batalha de Guadalcanal, no Pacífico Sul, antes de se­­guir para a Austrália; John Basilone (Jon Seda), cujo "heroísmo" o transformará em uma espécie de garoto-propaganda da campanha de levantamento de recursos para a manutenção das tropas no front; e, finalmente, Eugene Sledge (vivido pelo ex-ator mirim Joe Mazzello), que no episódio de abertura é rejeitado por ter um sopro no coração, mas terminará por ver e viver o conflito bem de perto em Peleliu e Okinawa. Ne­­nhum dos três, contudo, foi apresentado ao espectador em maiores detalhes.

O que faltou à hora inicial de The Pacific, e sobra nos já mencionados filmes de Clint Eastwood, é trabalhar melhor a perspectiva desses e de outros personagens. Suas subjetividades, abafadas no primeiro capítulo pelas grandiloquentes cenas de ação e batalha, são sugeridas. Só. Tudo pareceu ainda um pouco impessoal, incapaz de gerar maior identificação com o espectador. A tendência é que isso mude nas próximas semanas. Tomara.

Serviço:

Minissérie The Pacific. HBO. Todos os domingos, às 22 horas.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.