
Era mesmo uma questão de tempo. Ninguém jamais duvidou que o cineasta norte-americano James Cameron iria, mais cedo ou mais tarde, relançar em 3D Titanic, o filme que lhe deu o Oscar de melhor direção, além de outras dez estatuetas, incluindo a de melhor filme. Afinal foi ele, com Avatar, que convenceu Hollywood e o mundo que o futuro de um certo cinema, felizmente não de todos, estaria na tridimensionalidade algo confirmado no último ano graças a experiências muito bem-sucedidas, e distintas entre si, como a bela homenagem ao cinema mudo A Invenção de Hugo Cabret, de Martin Scorsese, e o documentário experimental Pina, de Wim Wenders.
VÍDEOS: Veja o trailer e o depoimento de James Cameron sobre o lançamento do filme
O irônico é pensar que, dentre os grandes blockbusters dos últimos 20, 30 anos, Titanic, que, até o lançamento de Avatar, permaneceu mais de uma década no topo das maiores bilheterias mundiais de todos os tempos, é um dos filmes que, em tese, menos precisariam sair da bidimensionalidade. É tão grandioso em todos os aspectos, sua direção de arte tão detalhista e requintada, e seus efeitos especiais tão espetaculares, capazes de fazer o filme saltar aos olhos em suas 3h15 de projeção, que o 3D não teria tanto a "acrescentar" ao que já havia sido feito.
Mas, como Cameron é um mestre da tecnologia, a versão tridimensional de Titanic que chega aos cinemas brasileiros nesta sexta-feira vai além do mero oportunismo tanto o que aproveita a febre do formato, que já chegou ao entretenimento doméstico, quanto aquele que diz respeito ao centenário do trágico naufrágio do transatlântico que dá nome ao longa-metragem.
Se nas sequências iniciais, nas quais a equipe liderada pelo explorador vivido por Bill Paxton (de Twister) vasculha o fundo do gelado Atlântico Norte em busca dos destroços do navio, mais especificamente de um certo colar, o 3D permite ao público a sensação de estar dentro do que restou do Titanic, o uso da tecnologia no restante do filme é mais sutil. A imagem ficou mais cristalina e a transposição deixou ainda mais impressionantes os travellings e planos-sequências que conduzem o olhar do espectador pelo interior do transatlântico, passando por seus salões, suítes, casa de máquinas, escadarias, corredores e deques, sem falar das cenas do naufrágio. Confirmam aquilo que sabíamos: Titanic é mesmo um filme espetacular, ainda que tenha um roteiro até certo ponto simplório, melodramático e sem grandes nuances ao explorar, por exemplo, a verdadeira Babel social flutuante que era o navio, transportando de magnatas e imigrantes quase miseráveis.
Os quase 15 anos que separam a produção de seu relançamento lhe conferiram, independentemente do 3D ou de seus defeitos dramatúrgicos, ares de clássico, de marco do cinema-catástrofe. Isso é inegável. Talvez porque, hoje atores consagrados, Kate Winslet, que vive Rose DeWitt Bukater, jovem condenada a um casamento de conveniência, e Leonardo DiCaprio, o passional e destemido Jack, formem um dos grandes casais românticos do cinema. Muito novos ele, com 23 anos, e ela, com 22 , demonstram notável carisma e maturidade em cena, algo que não parecia tão evidente à época. Só mesmo o tempo permite essa percepção distanciada, sem os efeitos do fenômeno mundial que o filme se tornou entre 1997 e 98. Titanic, enfim, reemerge em grande estilo.
GGG1/2
Confira o trailer do lançamento do filme em 3D:
Confira também o depoimento de James Cameron falando sobre Titanic 3D:



