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Cinema

Trabalhar Cansa no Sesc

Longa-metragem de Juliana Rojas e Marco Dutra abre amanhã, no Paço da Liberdade, o projeto Novos Repertórios

Marat Descartes e Helena Albergaria vivem um casal em crise no longa-metragem Trabalhar Cansa | Divulgação
Marat Descartes e Helena Albergaria vivem um casal em crise no longa-metragem Trabalhar Cansa (Foto: Divulgação)

O projeto Novos Repertórios inicia amanhã sua temporada 2013 com a exibição do longa-metragem Trabalhar Cansa, dos cineastas paulistas Juliana Rojas e Marco Dutra, que estará presente e debaterá o filme após a projeção, na sala Cinepensamento, do Sesc Paço da Liberdade, em Curitiba.

Selecionado para a mostra Um Certo Olhar (Un Cer­­tain Regard), do Festival Internacional de Cannes, em 2011, Trabalhar Cansa é um drama urbano, com toques de cinema fantástico. Conta a história de Helena (Helena Albergaria), uma dona de casa da classe média paulistana que resolve abrir um pequeno mercado de bairro, ao mesmo tempo em que seu marido, Otávio (Marat Descartes), perde o emprego de gerente em uma grande empresa.

Como o casal tem uma filha pequena, Vanessa (Ma­­rina Flores), Helena contrata Paula (Naloana Lima), uma jovem do interior que pela primeira vez vai trabalhar como empregada doméstica, cuidando da casa e da menina.

Com a abertura da loja, Helena assume o papel de provedora e patroa, enquanto Otávio enfrenta a angústia de não saber quando voltará a trabalhar, por conta de sua idade – ele se aproxima dos 40 anos. Paula, por sua vez, se submete a servir a família sem ter a carteira profissional assinada, mas ambiciona algo melhor para sua vida.

O fato de os três protagonistas estarem desempenhando novos papéis em suas respectivas vidas faz com que se estabeleça na trama um clima de contida, porém evidente instabilidade, mais perceptível na mudança no cotidiano de Helena. À frente do minimercado, ela estabelece com o espaço uma relação ambígua de poder, sobre seus funcionários, e submissão, a algo estranho, em princípio não detectável, que aos poucos se estabelece como uma espécie de ameaça ao empreendimento e também a ela. É esse o elemento fantástico da trama, sobre o qual não vale a pena falar demais para não estragar a experiência do espectador.

Os cineastas Juliana Rojas e Marco Dutra vêm trabalhando em parceria desde os tempos em que cursaram Cinema na USP, na qual se formaram em 2003. Juntos, realizaram três curtas-metragens: Lençol Branco (2004), Um Ramo (2007) e As Sombras (2009). "Logo no início da faculdade, começamos a desenvolver projetos juntos. Descobrimos que tínhamos muitas afinidades estéticas, inclusive o gosto por gêneros cinematográficos, como o terror, o musical e a animação, considerados meio B", conta Dutra, em entrevista por telefone à Gazeta do Povo.

Embora o próximo projeto da dupla, o longa-metragem As Boas Maneiras, a ser rodado entre o fim deste ano e o início de 2014, seja um filme de terror, Trabalhar Cansa não chega a abraçar o cinema de gênero, configurando-se mais como um híbrido.

Ao mesmo tempo em que guarda elementos do fantástico, é um drama que permite uma leitura sociológica interessante: a história tem como foco uma família de classe média que, por meio das relações de trabalho, se vê obrigada a conviver de forma mais próxima com pessoas mais simples. E é da tensão gerada por esse convívio forçado que vem a força dramática, com alguns toques cômicos, da trama, que chegou a ser descrita por uma jornalista norte-americana, da revista [e site] The Hollywood Reporter como se O Iluminado [de Stanley Kubrick], tivesse sido dirigido por Vittorio De Sica [um dos fundadores do neorrealismo italiano].

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