• Carregando...
Vídeo: | RPC TV
Vídeo:| Foto: RPC TV

O primeiro capítulo da nova novela das oito da Globo, "Duas caras", foi marcado por tragédias. O autor, Aguinaldo Silva, apelou para o drama para segurar o telespectador e fazê-lo acompanhar sua trama pelos oito meses vindouros. Mas apesar do aparente clima de dramalhão, faltou emoção.

O desastre inicial atinge os peões de uma obra em Jacarepaguá, no Rio, no início da década de 90, quando se passa a primeira fase do folhetim. Uma construtora vai à falência e tenta expulsar os funcionários do canteiro de obras sem que eles recebam um só centavo. O chefe da segurança, Juvenal Antena (Antonio Fagundes), é o responsável pela tarefa sórdida. Mas, numa crise de consciência, ele, que fora um ex-pivete outrora, pergunta aos representantes da empresa, que chegam de helicóptero na obra: "E os direitos deles?". Ele percebe que as promessas de que pagariam os salários não passavam de balela e pede demissão do emprego: "Estou deixando de ser escravo para me candidatar a rei", disse Juvenal, após um "estalo", como ele mesmo definiu, que o fez liderar os peões numa campanha para não arredar os pés dali, fundando uma comunidade regida por suas leis.

Longe dali, na serra catarinense, começa o drama da ingênua Maria Paula, vivida por Marjorie Estiano. "A casa fica tão vazia sem eles", constata a mocinha depois que seus pais embarcam para participar de um exposição agropecuária em Dallas, nos EUA. Mas seria uma viagem sem volta. Ao ultrapassar um caminhão na estrada rumo ao aeroporto, o Ômega do casal dá de cara com o Escort conversível vermelho do grande vilão da novela, Adalberto Rangel (Dalton Vigh), e é obrigado a desviar para não bater, mas cai numa ribanceira, em cena de grande realismo.

Provando que será um vigarista de marca maior, Adalberto engana direitinho o telespectador. Enquanto todos acham que ele vai ter um ato de bondade, o vilão se aproxima do carro acidentado e em vez de tentar ao menos socorrer os moribundos pais da mocinha, ele rouba os dois e ao se deparar com a foto de Maria Paula, já arma em sua cabeça um ardiloso golpe. "Quando você vir a Dona Fortuna passar perto de você, agarra com as duas mãos porque é só uma vez na vida que isso acontece", fala Hermógenes (Tarcísio Meira) para o filho Adalberto, ainda criança, em flashback depois. Adalberto vai até o casarão da família para dar a notícia da morte e inventa que Gabriela (vivida por Bia Seidl), mãe da mocinha, pediu a ele para cuidar da menina. "Eu rezei e chorei muito por eles. Gabriela me fez um pedido: cuida da minha filha", revela o estranho. Fragilizada, a mocinha cai na lábia do vigarista. Mas Claudius (Caco Ciocler), advogado da família, e Luciana (Vanessa Giácomo), filha da empregada da casa e irmã de criação de Maria Paula, desconfiam do forasteiro.

Apesar da trágica morte dos pais numa rodovia, Maria Paula estranhamente apenas desmaia e chora muito pouco para quem perde entes tão queridos e vira órfã inesperadamente. Os outros três que recebem a notícia ruim do forasteiro, a empregada Jandira (Totia Meireles), Claudius e Luciana, não derramam uma só lágrima na cena. Faltou emoção. As únicas cenas leves do primeiro capítulo ficaram por conta de Maria Eva, uma dondoca vivida por Letícia Spiller.

No mais, poucos personagens foram apresentados - uma vez que é uma novela de fases (serão três no total) - e, à primeira vista, eles geraram pouca empatia com o telespectador. Marjorie Estiano supreendeu como protagonista no capítulo especial de estréia com 1h20m de duração, mas faltou, de novo, a tal da emoção. Resta saber se a novela vai investir no drama ou se tornar mais leve nos próximos capítulos. A conferir.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]