• Carregando...
Cidade do Rock, no Rio de Janeiro: evento segue até o dia 27 de setembro. | Erik Kabik Photography/ Divulgação
Cidade do Rock, no Rio de Janeiro: evento segue até o dia 27 de setembro.| Foto: Erik Kabik Photography/ Divulgação

O ensaio está aberto. De olhos fechados, Ivan Lins empunha uma air guitar, na qual faz solos imaginários. Roberto Frejat e Samuel Rosa conversam, sentados, num canto, enquanto Marcos Suzano ajusta sua percussão eletrônica. Vestindo uma blusa preta, com a imagem de Lou Reed estampada, Dinho Ouro Preto anda, elétrico, de um lado para o outro, acertando detalhes com Evandro Mesquita, à frente da Blitz, e com George Israel, representando o Kid Abelha. Num outro extremo, de cabeça abaixada, os longos cabelos quase escondendo o rosto, Andreas Kisser, do Sepultura, arruma os pedais de sua guitarra e espera o momento de testar os limites do sistema de som. O encontro, inusitado, com direção musical de Dinho e do veterano Marco Mazzola, inaugura o principal palco do Rock in Rio (Mundo), nesta sexta-feira, às 19h, celebrando os 30 anos do festival. Os portões da Cidade do Rock, no entanto, estarão abertos desde 14h. E os primeiros shows já agitam o Palco Sunset desde 15h15, com o grupo Dônica ao lado do maestro Arthur Verocai.

Além de uma banda de apoio — formada pelo baixista e arranjador Mauro Berman, pelo baterista Lourenço Monteiro e pelos guitarristas Fernando Vidal e Fred Nascimento —, o espetáculo vai reunir grupos como Jota Quest, Paralamas do Sucesso, Blitz e Titãs, com formações completas, mais Ney Matogrosso, Ivete Sangalo, Erasmo Carlos, Frejat, Kisser, Israel e Ivan Lins.

“Não é fácil juntar essa gente toda em cima de um palco, é bem mais complicado do que parece, principalmente em termos de logística, mas está sendo divertido organizar isso”, conta Dinho, nos bastidores, durante uma breve pausa.

A concepção do show começou há um ano, a partir de conversas entre Roberto Medina, criador do festival, e sua equipe, tendo à frente Marisa Meneses, diretora artística dos shows nacionais do Palco Mundo.

“Buscamos criar uma espécie de roteiro, com as músicas, que contasse a história do festival nestes 30 anos”, explica Marisa. “A ideia é que o show seja uma homenagem a todos que estiveram conosco do começo, lá em 1985, até agora.”

Sinos

No começo, como lembra Mazzola, que também trabalhou no primeiro RiR, vieram os sinos, que antecederam a já histórica entrada em cena de Ney Matogrosso, cantando “América do Sul”, composição de Paulo Machado que abriu o então único palco do festival, em 1985.

O ensaio segue. A Blitz relembra “Você não soube me amar” e Dinho puxa, no meio, um trecho de “Miss You”, hit disco dos Rolling Stones. Depois, é a vez de o Skank vir quente.

“Escolhemos fazer uma participação com o Erasmo, acho que tem tudo a ver”, comenta Samuel Rosa, antes de começar um dueto com o Tremendão, em “Vem quente que eu estou fervendo”, seguida por “É Proibido Fumar”.

Após fazer sua passagem, com uma versão um pouco mais pesada do sucesso “Novo tempo”, Ivan Lins reflete sobre sua participação no show.

“A sensação é que estamos numa festa de amigos que se formaram há 30 anos. Eu me sinto renovado com essa turma.

Frejat toca os primeiros acordes de “Pro dia nascer feliz”, que vai abrir o show. Depois surge, enfim, Ney Matogrosso, que se junta a ele, cantando “Rua da passagem”, parceria de Arnaldo Antunes e Lenine, com letra incisiva (“Todo mundo tem direito à vida/ Todo mundo tem direito igual”). A combinação fica perfeita, explosiva.

“Assim como achei importante cantar “América do Sul” em 1985, acho relevante cantar “Rua da Passagem” em 2015 — explica ele, depois do ensaio. — Ainda mais com essa letra, que menciona travestis, trabalhadores e turistas, destacando que todos têm direitos iguais. O Brasil precisa ouvir isso hoje.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]