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Entrevista

Fabiula Nascimento aposta no jeito indigesto da amargurada Cristina

Atriz paranaense, conhecida pelo seu humor, experimenta personagem com um pé na vilania na novela "Boogie Oogie"

Fabiula Nascimento como Cristina em Boogie Oogie | Globo/Ellen Soares
Fabiula Nascimento como Cristina em Boogie Oogie (Foto: Globo/Ellen Soares)

Dona de um humor ímpar, Fabiula Nascimento sabe que tem nas mãos a chance de abrir ainda mais seus caminhos na tevê. Acostumada a interpretar mulheres mais doces, românticas ou de gestos espalhafatosos, agora a atriz experimenta uma personagem com um pé na vilania em "Boogie Oogie".

Na pele da ambiciosa Cristina da trama das 18 horas da Globo, a curitibana se orgulha por poder se distanciar de qualquer traço carismático que tenha sobrado de suas aparições anteriores nas novelas. "Minha personagem carrega a família nas costas, já que o marido quase não tem dinheiro. É esse tom mais indigesto que eu tento fortalecer em cena e isso acaba sendo um grande motivador, traz instrumentos novos para mostrar meu trabalho", vibra.

Parte do jeito rude de Cristina vem do fato de ter sido obrigada a criar os sobrinhos Rafael e Serginho, vividos por Marco Pigossi e João Vithor Oliveira, respectivamente, que perderam os pais cedo. Disposta a melhorar sua vida, a professora de inglês faz de tudo para convencer o mais velho a se casar com Vitória, papel de Bianca Bin, que, além de ser apaixonada pelo piloto de aviões, é rica. "Cristina sente que investiu nos meninos depois que eles passaram a viver com ela. E, agora, quer o retorno disso", avalia."Boogie Oogie" é sua terceira novela. Tomou gosto pelo gênero?

FABIULA - É, eu comecei com "Avenida Brasil" e, depois, fiz "Joia Rara". Bom, dei muita sorte de estar em duas produções que foram feitas com tanto capricho e uma qualidade incrível. E, sim, eu adoro fazer. É gostoso e, além disso, me orgulho por ser requisitada na empresa em que trabalho. Dá uma satisfação pessoal enorme.

A Cristina tem algumas cenas com toques de vilania. Acha que esse é o caminho dela em "Boogie Oogie"?

FABIULA - Eu não a vejo como uma vilã. É uma mulher indigesta, mas não chega a ser maquiavélica, por exemplo. Só que, nas novelas, assim como na vida real, qualquer um pode se tornar um bicho e se mostrar com outras caras. E nossa novela não tem grandes vilões. Não existe uma pessoa totalmente boa ou totalmente má ali. Dessa forma, o espaço para que qualquer um desenvolva esse tipo de função fica mais aberto.

Cristina é rude às vezes com o sobrinho Rafael e tenta, a todo custo, controlar a vida dele. É uma relação apenas de interesse?

FABIULA - Não, ela ama os sobrinhos. Tudo isso passa pelo afeto. Se não tivesse esse sentimento, ela iria embora de casa. Para que ficaria ali, naquela família? Tudo que é feito é por preocupação com eles também. Eu vejo como um comportamento meio de mãe mesmo, de querer proteger. E, ao mesmo tempo, conseguir melhorar um pouco a vida dela, que mudou demais quando passou a criar os meninos."Boogie Oogie" se passa em 1978, ano em que você nasceu. Isso é, de alguma forma, simbólico para você?

FABIULA - Achei uma coincidência bem feliz. Não vivi nada desse período, mas tenho um irmão que é sete anos mais velho que eu e me faz ter muita memória da época. Além disso, acabei herdando alguns objetos da minha mãe, como roupas. Tenho peças até hoje, umas lindas de crochê. No meu guarda-roupa tem uma bata que ela usava quando estava grávida de mim, ou seja, em 1978. E me lembro de tudo que ela contava, das fotos da minha família... Esse trabalho me fez mexer ainda mais com essas memórias.

Você chegou a pensar em oferecer essas roupas para a equipe de figurino?

FABIULA - Não, até porque não têm a ver com a Cristina. E são coisas que eram da minha mãe, eu tenho uma relação especial com elas. Se fosse o caso de eu usar ali, até poderia pensar. Mas não ia ter como, então nem tentei.

"Dancin Days" serviu de inspiração para a equipe técnica e também para o Rui Vilhena (autor). Você também buscou referências na novela?

FABIULA - Não vi nada porque estamos construindo a nossa novela sobre 1978. E, como eu disse, é um período que marcou bastante a minha casa. Sempre amei os figurinos e a cultura daquele tempo. E a moda dessa época está voltando, o que me deixa mais empolgada ainda com o trabalho. Corro o risco de sair na rua e acharem que estou com as roupas da Cristina porque tenho mesmo algumas peças com esse ar retrô.Como tem sido a repercussão em relação à novela?

FABIULA - As pessoas que conversam comigo estão amando. Minhas amigas vivem dizendo que as cenas estão demais, elogiam a fotografia e a direção. E eu percebo que as pessoas estão descobrindo, cada vez mais, o meu trabalho. Existe um público muito fiel nessa faixa das 18 horas, que normalmente é muito jovem ou mais velho. Sim, porque muita gente que ainda está trabalhando ou voltando do trabalho na hora em que a novela passa.E as pessoas estão me chamando mais pelo meu nome, o que é bem legal.

Antes de fazer novelas, enquanto só estava no cinema e em projetos mais curtos na TV, incomodava não ter a popularidade que as novelas trazem?

FABIULA - Na verdade, isso tem dois lados. É claro que me deixa contente ver que as pessoas sabem que eu sou a Fabiula, e não só a moça da tevê ou do cinema. Mas, ao mesmo tempo, me agrada a ideia do meu trabalho chamar mais atenção que eu. Afinal, é para isso que eu estou atuando. Não entro nessa onda de celebridade, não vivo o deslumbre da minha profissão. Eu gosto quando o meu trabalho toma um corpo. Isso me deixa bem mais feliz do que quando sou reconhecida nas ruas.

Você já tem duas décadas de carreira no teatro e seis anos de experiência na tevê, além de alguns filmes no currículo. Como analisa sua trajetória?

FABIULA - Eu fico meio orgulhosa com tudo isso. Aliás, meio não, fico completamente! Minha raiz é do teatro, vim dos palcos. Mas fui invadida pelo cinema e, depois, jogada na tevê. Cara, eu agradeço por ter dado tudo muito certo até agora. Mas também sou compromissada com o que faço. Não estou ali porque acho bonito, mas, sim, porque amo, porque é a minha vida. Sinto muita falta de fazer teatro, o que não tem sido possível em função da TV. Mas pretendo resolver isso em breve.

Você já tem algum texto em vista para encenar?

FABIULA - Tenho projetos, mas estou tentando jogar sempre um pouco mais para frente. Com novela, a agenda fica cheia e é necessário se dedicar integralmente. Escrevo também, embora eu seja muito mais de criar histórias e ter parceiros para desenvolver o enredo. Tenho uma parceira excelente, com quem já trabalho, que é abDaniela Ocampo. A gente tem uma forte amizade e uma longa estrada de trabalho. Ela desenvolve bem minhas ideias e estamos com uma original que queremos fazer.

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