• Carregando...
Alexandre Nero na pele do joalheiro José Alfredo | Tv Globo/Alex Carvalo
Alexandre Nero na pele do joalheiro José Alfredo| Foto: Tv Globo/Alex Carvalo

Elenco

Alexandre Nero entra no clube de atores-fetiche de Aguinaldo Silva, ao lado de nomes como Lília Cabral e José Mayer

Não foi a associação com o imperador acusado de incendiar Roma que levou Aguinaldo Silva a convidar Alexandre Nero para comandar o seu Império. "Eu precisava de um protagonista de 50 anos que fosse viril, porque a amante dele é a Marina Ruy Barbosa, uma menina de 19 anos. Se eu chamasse um ator com a idade do personagem, ficaria muito pesado. Além disso, eu queria um protagonista novo, que nunca tivesse feito um papel principal. O Nero é um ator muito intenso, forte, se encaixa perfeitamente no perfil", explica o autor.

Para Alexandre Nero, que tem 44 anos, convencer como um cinquentão pai de três filhos jovens, a equipe de caracterização usa alguns truques. "Mas eu não vou revelar", desconversa o ator. "De qualquer forma, a diferença de idade não é tão grande assim, e tem o peso do personagem, a maneira como ele anda... o José Alfredo é poderoso, forte, briga com as pessoas. Precisava, portanto, ter essa força física e moral. Sem falar que um homem de 50 anos de hoje é muito bem cuidado, não é um velhinho."

Outro trunfo do ator curitibano foi o desempenho dele e o entrosamento com o elenco em outra novela de Aguinaldo, Fina Estampa (2011), quando interpretou o agressivo e homofóbico motorista Baltazar. Ali ele conquistou definitivamente o coração do novelista, ao lado de outros atores-fetiche, como Lília Cabral e José Mayer (ambos também escalados para Império): "Acho que ele entrou no meu time de preferidos", admite Aguinaldo.

  • Adriana Birolli interpreta a personagem de Lília Cabral na juventude
  • Marjorie Estiano como Cora
  • Aguinaldo Silva entre Nero e Lília Cabral

Em 2007, quando encenou a peça Os Leões no Festival de Teatro de Curitiba – e despertou o interesse dos "olheiros" da TV Globo –, Alexandre Nero, então com 37 anos, era conhecido na capital paranaense (quando muito) como "o cara da Denorex80"; o líder da Maquinaíma, atração das sextas-feiras no Aoca Bar; ou como vocalista do Grupo Fato. Só os mais chegados sabiam do seu trabalho no teatro, no cinema e na publicidade, seja atuando ou compondo trilhas sonoras. Sete anos depois, Nero está prestes a iniciar o seu "reinado" no horário nobre da principal emissora do país: Império, a nova novela das 21 horas, assinada por Aguinaldo Silva, estreia amanhã com o curitibano na pele do poderoso joalheiro José Alfredo.

"Deve ter sido por isso [o fato de ter o nome do imperador romano] que o Aguinaldo me convidou", brincou o ator durante o lançamento da novela, no início do mês, no Projac. Emendando um trabalho no outro desde o verdureiro Vanderlei, de A Favorita (2008), Alexandre Nero "pediu para morrer" em sua última aparição – como Hermes, em Além do Horizonte (2013) – para poder se dedicar ao papel. "Aceitei sem pestanejar", confessa. "Nunca tinha feito um protagonista, e de repente sou convidado para o das 21 horas, de uma novela do Aguinaldo Silva... topei sem nem saber do que se tratava. Mas tive muita sorte, porque é um personagem maravilhoso."

De fato: José Alfredo é um típico anti-herói de Aguinaldo Silva. Um homem duro, que sofreu uma grande desilusão amorosa no passado e sufocou seus sentimentos mergulhando no trabalho – a tal rede de joalherias – e se entregando a um casamento de fachada (com a socialite Maria Marta, vivida por Lília Cabral, com quem Nero contracenou em A Favorita). Só que, para erguer seu império, o empresário matou um homem e se envolveu em negócios duvidosos. "O mais legal da novela é que não tem personagem bobo", define o ator. "Eu sei que o meu filho quer tomar a empresa de mim, sei dos interesses da minha mulher, ninguém está me enganando. Por isso a história é muito mais real."

Passada a apreensão inicial, de se submeter ao julgamento de 40 milhões de telespectadores, Nero atualmente demonstra muita tranquilidade diante do desafio: "No começo eu fiquei com frio na barriga, mas agora estou seguro. O meu trabalho é esse, se eu não acreditar em mim, quem vai acreditar? Além disso, me dei conta de que não tenho essa responsabilidade toda. Ninguém faz nada sozinho, e olha só o time que está em volta...", reflete.

No início do ano, o ator chegou a afirmar que temia se tornar a terceira pessoa mais odiada do país – "atrás da Dilma e do Felipão". Mas agora acredita que pode ser bem aceito pelo público: "Vai depender da percepção de cada um, mas estou apostando muito que eu serei um dos brasileiros mais amados, porque o personagem é muito bacana", considera. E vai além: "Estou apaixonado pela novela, acho que não tem como dar errado. É tudo muito bom, o texto é muito bom, os personagens são excelentes e ainda está tudo na mão do Papinha [apelido do diretor Rogério Gomes], que para mim é o melhor cara daqui".

Ele tampouco se deixa deslumbrar pelos holofotes reservados ao "personagem principal": "Ele é o protagonista porque é a partir dele que a história se desenrola, mas hoje em dia isso não tem nada a ver com roubar a cena ou chamar mais a atenção que os outros", avalia. "Na maioria das vezes, aliás, o protagonista é quem menos faz gol. Ele fica ali no meio de campo, distribuindo as bolas para os outros marcarem."

Modéstia à parte, e ainda que tenha muitos projetos em mente ("trabalhar com outras pessoas, fazer filmes, gravar discos..."), não dá para negar que Alexandre Nero está para realizar o sonho de dez entre dez atores de televisão: protagonizar uma novela das 21 horas da Globo. E a metáfora futebolística novamente vem bem a calhar: "Quando o cara é campeão ou ganha uma medalha de ouro, as pessoas só enxergam isso, que é o que dá mais popularidade. Mas não percebem que, para chegar lá, ele passou pelas categorias de base e vem carregando uma profissão há anos e anos. Digamos que eu cheguei na seleção brasileira. Falta ser campeão do mundo...", arremata.

Leia a crítica de William Bressan sobre o fim da novela "Em Família"

Tudo dominado

Adriana Birolli e Marjorie Estiano completam o trio paranaense na novela

Alexandre Nero não é o único "piá" de Curitiba na trama de Aguinaldo Silva. A ele se juntam as atrizes Adriana Birolli, de 27 anos, e Marjorie Estiano, de 32. Ambas com participações de destaque na primeira fase da história: Adriana interpreta Maria Marta, a esposa de José Alfredo (Alexandre Nero), na juventude. E Marjorie encarna a versão jovem da vilã Cora, irmã de Eliane (Vanessa Giácomo/Malu Galli), o grande amor de José Alfredo. É ela quem separa o casal, ao impedir que Eliane fuja com ele.

No lançamento da novela, Adriana Birolli falou da "invasão curitibana" em Império: "Você viu? Tomamos conta, chegamos quebrando a porta e estamos causando no Rio de Janeiro", brincou, para emendar: "Estou muito feliz por trabalhar com eles. Não vou contracenar com a Marjorie nos flashbacks, mas com o Nero vai rolar quando eu voltar como a sobrinha da Maria Marta. Já tive o prazer de contracenar com ele em Fina Estampa (2011), e posso dizer que tenho muito orgulho. Tem muita gente boa em Curitiba, e só tenho a agradecer que a gente possa se encontrar em um trabalho tão bacana."

O repórter viajou a convite da TV Globo.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]