
Além de autor de algumas das músicas de maior força na memória afetiva dos brasileiros, Toquinho, que se apresenta hoje, às 12h30, na Boca Maldita (Veja o serviço completo do show no Guia Gazeta do Povo), tem uma ligação histórica com a cultura de Curitiba que o faz um convidado especial para a comemoração do 319.º aniversário da cidade cuja programação segue até domingo (veja quadro ao lado). O cantor, violonista e compositor de músicas como "Aquarela", "O Caderno" e "Tarde em Itapuã" foi o primeiro artista a cantar no Teatro do Paiol, no show que fez ao lado de Vinicius de Moraes e Marília Medalha, em 27 de dezembro de 1971.
Em entrevista por e-mail à Gazeta do Povo, Toquinho fala sobre o show de hoje, que terá participação da Anna Setton uma das cantoras que o músico apadrinhou, a exemplo do que já fez com Tiê e Verônica Ferriani e músicas de seu novo disco, Quem Viver, Verá, lançado em janeiro. O cantor também falou sobre a apresentação que inaugurou o Paiol, que se tornaria um reduto da MPB em plena ditadura, e da impressão que teve de Curitiba naquele momento de importantes mudanças na vida cultural da cidade.
Será um show de antigos sucessos?
O público gosta de ouvir os sucessos e cantar junto. Não podem faltar nos shows. Mostrarei também algumas canções novas, solos de violão. Gosto sempre de bater papo com a plateia, contar histórias, deixar o espetáculo bem descontraído. Às vezes, mudo o repertório durante o show e me sinto bem fazendo isso, convivendo com as improvisações.
Além do aniversário de Curitiba, o show também comemora os 40 anos do Teatro do Paiol. Como foi participar da inauguração?
Na época, Curitiba vivia um período de transformações urbanísticas e culturais. Fizemos um show empolgante. Vinicius batizou o teatro com uma dose de uísque e assim inauguramos o Teatro do Paiol, um teatro intimista, pequeno, quase uma arena, na qual o show ganha na intimidade, na aproximação entre artista e plateia. Cantamos parte de nossa produção, que, na época era intensa. Como foi a apresentação da música "Paiol de Pólvora"?
Vinicius e eu éramos impulsionados pelos mais diversos temas. A situação política do país, sempre pronto para explodir devido à insatisfação popular, e o local do teatro usado originalmente como um antigo arsenal de pólvora e munições do exército brasileiro essa coincidência levou-nos naturalmente à letra da canção, que tem frases como: "Estamos trancados no paiol de pólvora"; "Só tem entrada no paiol de pólvora"; "O azar é sorte no paiol de pólvora"; "A vida é morte no paiol de pólvora".
Era perceptível, naquele momento, um ambiente de mudanças vivido pela cidade? Que imagem ficou?
Era um projeto inusitado para a época, tido como um avanço urbanístico e cultural que dava ensejo a perspectivas otimistas. Curitiba acabou incorporando aquele clima de evolução e até hoje é considerada uma cidade que prima pelo modernismo que favorece a vida de seus habitantes e facilita quem a visita e desfruta de tudo isso.



