
Em 2008, o ator Mark Wahlberg protagonizou Fim dos Tempos, um fiasco do diretor M. Night Shyamalan que mostrava uma improvável vingança botânica contra a força devastadora do homem. O filme, rejeitado pela crítica e pelo público, deu uma importante lição aos novos diretores de terror e ficção científica: a estranheza que se pretende com uma ameaça visualmente não ameaçadora acaba por transformar cenas eletrizantes em sequências bobas e incapazes de criar empatia com o espectador. O diretor semiestreante Chris Gorak parece não ter dado importância ao exemplo de Shyamalan, pois repete o erro em A Hora da Escuridão, filme que estreia hoje, em exibição 3D.
Estrelado por Emile Hirsch (A Natureza Selvagem), Olivia Thirbly (Juno) e Max Minghella (A Rede Social), o filme mostra uma invasão alienígena peculiar sob o ponto de vista de um grupo de norte-americanos que está de passagem por Moscou. Seres aparentemente feitos de luz descem do céu, ao mesmo tempo em que um blecaute geral assombra os residentes da capital russa. A partir daí, os personagens seguem a trama de praxe: sobreviver a duras penas, tentar saber mais sobre os objetivos e fraquezas alienígenas e encontrar outros sobreviventes.
Afora a vontade do diretor em escolher uma cidade diferente para a devastação e a paisagem deslumbrante a imagem da Praça Vermelha deserta é realmente impactante não há nenhuma boa razão para a ação se passar em Moscou. Esse é, aliás, um dos problemas sérios do roteiro: a aleatoriedade. Dos fatos que se sucedem, da razão de ser de cada personagem e de seus diálogos. É tudo tão inconsistente que não faltam furos a serem apontados na história. O que se salva é a direção de arte um terreno em que Gorak, que já trabalhou em obras como Clube da Luta e O Homem Que Não Estava Lá, se dá muito bem.
Os roteiristas Jon Spaihts e Leslie Bohem inovaram em pequenos elementos que não fazem tanta diferença se o cerne da história é previsível e sem emoção. A Hora da Escuridão tem tudo o que é necessário para ganhar a pecha de filme B, mas não tem nada que o torne uma obra de ficção científica memorável.



