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Um dos principais poetas árabes do século 20

Libanês Elias Farhat viveu parte de sua vida entre as cidades de Curitiba e Lapa, onde escreveu suas obras mais importantes

O poeta Elias Farhat: nome mais popular da poesia em língua árabe viveu quase duas décadas no Paraná | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
O poeta Elias Farhat: nome mais popular da poesia em língua árabe viveu quase duas décadas no Paraná (Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo)
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Ao lado da esposa Julie, na Lapa |

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Ao lado da esposa Julie, na Lapa

O neto Filipe lê poema do avô |

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O neto Filipe lê poema do avô

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Convite de um banquete curitibano em homenagem ao escritor (1941) |

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Convite de um banquete curitibano em homenagem ao escritor (1941)

(...) contemplo a mecha de cabelos, imagino-a o cadáver de um amor, entre ruínas orvalhadas de lágrimas. Em qualquer antologia de poesia árabe do século 20, vai-se ler esses versos do poema "A Mecha de Cabelos", do libanês Elias Farhat. Palavras que comovem há décadas os corações do Oriente Médio com a história do menino que, antes de emigrar do pequeno povoado na Síria, recebe um pequeno tufo dos cabelos da namorada como recordação de um amor inocente.

Os versos – uma história real da vida do jovem escritor – bem como a maior parte de sua produção, foram escritos na cidade da Lapa, no Paraná. A cidade ganhou com isso notoriedade para os falantes da língua árabe no mundo todo, como lar do grande autor. Ele também viveu em Curitiba (leia mais no quadro), onde era tratado como uma celebridade.

Essa fama ele ainda tem, em escala maior, em todo o Oriente Médio. Lei­tura obrigatória em escolas e nome de rua em diversas cidades da Síria e do Líbano, além de recordista de livros vendidos, Farhat é o poeta mais popular em língua árabe do século 20.

Em 1959, a convite da República Árabe Unida (país que nasceu da união entre as repúblicas do Egito e da Síria, como um passo a caminho da "nação pan-árabe"), Farhat viveu um ano em países do Oriente Médio, onde pôde comprovar o tamanho de sua popularidade.

Naquela época, o conteúdo de seus versos se tornou mais político – sempre ao lado dos temas líricos e nostálgicos que lhe deram grande notoriedade. Farhat se tornou uma espécie de arauto da libertação do povo árabe em um momento de dominação anglo-francesa – temática que só fez crescer o interesse sobre sua poesia.

É algo que o neto Filipe Farhat pôde atestar em viagem recente ao Egito e à terra natal do avô. "Ele era recebido com honras de Estado e multidões se aglomeravam para ouvi-lo declamar", contou à Gazeta do Povo.

Grande parte da família Farhat ainda vive em Curitiba – outro neto do poeta, Riad Farhat, é delegado-chefe da Polícia Civil do Paraná.

Arabismo

A temática política só fez crescer o interesse por sua poesia. Ex-adido cultural da embaixada do Brasil no Líbano e atualmente estudando e lecionando na Universidade Saint-Esprit de Kaslik, o maringaense Roberto Khatlab tenta dimensionar a importância da obra de Farhat no Oriente Médio.

"Um dos grandes representantes da literatura árabe mundial, ele pode ser considerado como poeta do arabismo, pelo seu estilo e obras, que ainda hoje são estudados em escolas, tanto no Líbano como na Síria e em outros países. Um escritor que, mesmo na emigração não deixou de escrever sobre o Oriente", observa.

O historiador, tradutor e dicionarista Youssef Mousnar, que conheceu e dividiu "alguns copos de uísque" com Farhat, além de traduzir vários de seus poemas (leia um deles abaixo), lembra que a figura humana de Farhat transparece em seus escritos.

"Era um homem de muita sensibilidade e inteligência, com um talento natural e muito grande para a poesia", elogia.

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