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Festival de Curitiba

Um hospital como espaço para discutir o poder

O Dia em Que Sam Morreu, espetáculo da Armazém Cia. de Teatro, faz sua estreia nacional

A estrutura do espetáculo é construída a partir das perspectivas de seis personagens cujos caminhos se entrecruzam em um hospital | Marcelo Faustini/Divulgação
A estrutura do espetáculo é construída a partir das perspectivas de seis personagens cujos caminhos se entrecruzam em um hospital (Foto: Marcelo Faustini/Divulgação)
Conselho de Classe teve o cenário premiado no Shell-RJ |

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Conselho de Classe teve o cenário premiado no Shell-RJ

O Dia em Que Sam Morreu, espetáculo que a Armazém Cia. de Teatro estreia hoje dentro da programação da mostra principal do Festival de Curitiba 2014, pretende levar ao palco do Guairinha uma discussão bastante urgente no mundo contemporâneo: até onde as pessoas podem chegar, na defesa de pontos de vistas profundamente arraigados, ainda que por vezes equivocados, na tentativa de marcar posições? Segundo o diretor da montagem, Paulo de Moraes, a proposta do texto, escrito por ele em parceria com Maurício Arruda Mendonça, surgiu depois de o grupo participar, ano passado, do Festival de Edimburgo, na Escócia, onde foi premiado com a peça A Marca d’Água (veja o serviço completo no Guia Gazeta do Povo).

"Queríamos trabalhar a questão do poder, o seu significado para quem o detém, e como esse poder pode interferir nas vidas de outras pessoas." Moraes acrescenta que, embora essa reflexão possa ter ligações com o momento atual no Brasil, trata-se de uma discussão mais ampla, universal, que passa pela ética.

A montagem da Armazém – companhia teatral nascida em Londrina e hoje radicada no Rio de Janeiro – se passa no interior de um hospital, em cujos corredores seis personagens têm seus caminhos cruzados. A estrutura do espetáculo é construída a partir das perspectivas dessas pessoas, divididas em duplas. As suas vozes, alternadas, conduzem a trama, marcadas por recomeços, nos quais as situações se reconfiguram a partir dessas subjetividades que se contrastam, e se confrontam.

Segundo Moraes, a escolha por um hospital se deu por se tratar de um espaço de poder. Da morte sobre a vida, ou vice-versa. Dentro de uma estrutura organizacional que prima pela assepsia e, teoricamente, por uma ética bastante rígida, mas passível de ser desafiada a qualquer momento. Com frequência, são tomadas decisões sobre quem merece, ou deve receber mais atenção médica e, portanto, ter direito à vida.

Na trama, o personagem do cirurgião-chefe crê ter poder sobre o destino dos pacientes, e tem nas mãos decisões que atingem a sua equipe – ele não mede esforços para chegar aonde pretende. Até o dia em que um jovem armado invade o hospital. Nesse momento, duas visões de mundo parecem colidir, a partir de referências e experiências de vida muito diversas, conflitantes.

A dramaturgia desenvolvida pelo Armazém se caracteriza pela investigação do tempo dramático. As histórias costumam ser contadas dentro de uma estrutura na qual o conteúdo costuma estar, orgânica e dialeticamente, ligado à forma.

O Dia em Que Sam Morreu faz a estreia nacional no Festival de Curitiba, segue para o Rio de Janeiro, e parte para os Festivais de Avignon (França) e Edimburgo.

Cariocas trazem experimentos e peça premiada

Helena Carnieri

Conhecida do público curitibano de outros festivais, a carioca Cia. dos Atores, que completa 25 anos, apresenta a partir de hoje no Sesc da Esquina dois espetáculos experimentais e outro, premiado, mais político e baseado em diálogos.

LaborAtorial e Como Estou Hoje, que estreiam às 19 horas e 21h30, respectivamente, são monólogos que usam formas e apelos sensoriais diferentes. O primeiro, com atuação de Marcelo Valle, usa projeções e outras tecnologias para abordar hábitos e valores contemporâneos – tudo a partir da vida do ator e de suas reflexões. Noções científicas e uma atmosfera futurista contribuem para a introspecção.

Já Como Estou Hoje é um solo baseado na ação física, com muito movimento na coreografia de Marcelo Olinto, com texto e direção do coreógrafo João Sal­­­danha. O espetáculo fala das artes e de moda, manifestando também inquietações contemporâneas.

Uma das peças mais aguardadas desta mostra principal, Conselho de Classe (ingressos esgotados) traz cinco atores (homens) na pele de professores e professoras da rede pública do Rio de Janeiro. O espetáculo recebeu o Prêmio Shell-RJ pelo cenário de Aurora dos Campos. Aqui se faz presente a linguagem da companhia, baseada em improvisações e no equilíbrio entre drama e humor.

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