
Três países, três instrumentos antigos, um intérprete. A próxima edição da Série Solo Música projeto do produtor musical Álvaro Collaço que traz sempre um único músico em apresentação solo --, que acontece hoje, a partir das 20 horas, no Teatro da Caixa, traz como convidado o músico paulista Guilherme de Camargo, um dos expoentes do país em instrumentos de cordas dedilhadas (Veja o serviço completo do show no Guia Gazeta do Povo). Bacharelado em violão clássico, Camargo conta que foi durante uma temporada na Holanda que se deparou com os três instrumentos inusitados que trará para o palco de Curitiba: "A família das cordas dedilhadas é numerosa, e cada membro dessa família tem uma característica muito peculiar, tanto visual quanto sonora. Escolhi me dedicar ao alaúde renascentista, à taorba e à guitarra barroca. Cada um deles têm um repertório próprio, escrito especialmente para eles na época em que eram usados".
O primeiro instrumento, o alaúde renascentista, será executado com um repertório inglês. "Ele foi introduzido pelos árabes no Ocidente no século 7, e a forma como o conhecemos hoje foi usada entre os séculos 16 e 17, principalmente na Inglaterra, que produziu um vasto material escrito para o instrumento", diz Camargo. A taorba, talvez o instrumento mais peculiar, tem dois braços e uma grande variedade de cordas que proporciona uma ampla tessitura musical. "A taorba foi muito utilizada na Itália e também na França. O repertório que escolhi para este instrumento foi composto por um músico da corte do Rei Luís XIV chamado Robert de Visée, que compôs uma seleção muito refinada de peças para taorba". Por último, a guitarra barroca, também chamada de guitarra espanhola, foi amplamente difundida naquele país durante o período barroco, do qual Camargo tirou parte do repertório para a apresentação da Série Solo Música. "Dos três instrumentos, a guitarra barroca é a única que tem um representante vivo na cultura de hoje: o violão e, mais especificamente, a viola caipira", comenta o músico.
Apesar de contar com instrumentos hoje difundidos apenas no espaço erudito, Guilherme de Camargo conta que a raiz deles, e a das cordas dedilhadas, está na música popular. "A separação entre música erudita e popular é uma distinção recente. O alaúde e a guitarra espanhola eram populares na época. O conhecedor de música erudita vai conhecer novas sonoridades e visualizar instrumentos diferentes. Já o interessado em música popular poderá conhecer instrumentos que de alguma forma dialogaram com o popular de suas épocas".
Serviço:
Série Solo Música Guilherme de Camargo: Alaúde e Outros Instrumentos de Cordas Dedilhadas. Teatro da Caixa (R. Cons. Laurindo, 280), (41) 2118-5111. Hoje, às 20 horas. R$ 10 e R$ 5 (meia-entrada, incluindo correntistas da CEF). Sujeito a lotação.



