Na seqüência final do filme Kill Bill Vol. 2, Bill, personagem de David Carradine, descreve sua visão do Super-Homem, que na verdade é a do diretor e roteirista Quentin Tarantino. Em certo momento, Bill/Tarantino conta que o Homem de Aço criou a persona Clark Kent como um ser tímido, hesitante e fraco porque esta seria a imagem que o kriptoniano teria dos humanos. Ou seja, o Super-Homem não seria tão bonzinho quanto aparenta ser, pois na realidade desprezaria os seres que tanto protege.
Releituras dos super-heróis dos quadrinhos e seus significados, como a feita pelo cineasta americano, são comuns hoje em várias áreas artísticas e dentro do próprio universo das HQs. Essas novas visões começaram a ganhar força em meados da década de 80, com o lançamento de duas obras clássicas do gênero, escritas por Frank Miller: O Cavaleiro das Trevas e Batman: Ano 1, que redefiniram todo o conceito do Homem Morcego nos anos seguintes.
O Super-Homem, espécie de herói primordial das HQs por ser o primeiro de grande destaque e por tudo o que representa também recebeu algumas releituras, sendo uma das mais importantes a da série Supremo, escrita pelo mestre Alan Moore (Watchmen, V de Vingança), cujo o primeiro volume a Devir lançou recentemente no Brasil. O herói Supremo foi criado por Rob Liefeld em 1992, para a editora americana Image Comics. Sem originalidade, o personagem era desperdiçado em histórias violentas e pouco inspiradas, como descreve o prefácio de Supremo A Era de Ouro.
Tudo mudou quando Moore assumiu o título, a partir do número 41 da revista, em 1997. O escritor britânico zerou toda a história do herói, iniciando uma homenagem ao mito do Super-Homem e à história dos quadrinhos de herói.
As aventuras de Supremo se confundem com as do Homem de Aço (os heróis têm características e origens parecidas). E cada capítulo da série faz referência a uma época diferente das HQs, trazendo os mesmos estilos de arte nos desenhos e o mesmo tipo de tramas, das mais inocentes dos anos 30 até as mais elaboradas dos anos 80.
Outra visão elogiada do Super-Homem foi feita por Grant Morrison, um dos principais roteiristas da atualidade. Sua série sobre o heróis está sendo publicada no Brasil pela Panini na revista mensal Grandes Astros Super-Homem. Morrison também retrabalhou o conceito de sete heróis esquecidos do elenco da DC Comics na série Sete Soldados da Vitória, que também está sendo publicada no país pela mesma editora. Já Alan Moore resgata atualmente o mito da heroína Promethea, série que começou a ser editada no mês passado na revista mensal Pixel Magazine, da Pixel Media.
* * * * *
Serviço: Supremo A Era de Ouro, de Alan Moore e vários desenhistas (Devir, 168 págs., R$ 45); Grandes Astros Super-Homem (Panini, R$ 3,90 cada edição mensal); Sete Soldados da Vitória (Panini, minissérie em sete edições, R$ 6,90 cada volume); Pixel Magazine (Pixel Media, R$ 9,90 cada edição mensal).
