
É com uma grande variedade de instrumentos musicais que Seu Jorge toca em Curitiba o álbum "América Brasil", nesta sexta-feira (19) no Curitiba Master Hall. O compositor, cantor e ator, que ganhou as telas de cinema a partir do sucesso do longa "Cidade de Deus", garante que vê na música uma forma de dizer a que veio. "Um negão com violão na mão faz amigos com mais facilidade, mas não transforma uma personalidade", disse ele em entrevista por e-mail à Gazeta do Povo. "[A música] apenas faz com que a personalidade seja reconhecida e talvez aceita", completou.
Com o três álbuns da carreira solo, outros ao lado do grupo Farofa Carioca e participação como ator em vários longas-metragens, Seu Jorge garante que a carreira na música e no cinema não são atividades paralelas. "As duas se completam. Foi com "Cidade de Deus" que as portas realmente se abriram para o cinema, e uma coisa foi levando à outra", disse. "É muito gratificante poder fazer o que nos dá prazer e nos satisfaz profissionalmente", completou.
Após um longo período em que permaneceu fora do Brasil, no qual divulgou sua música e participou de projetos cinematográficos, Seu Jorge garante que não perdeu o seu gingado e raiz brasileira. "Não é ao acaso que nossas raízes assim o são denominadas. O tempo que passamos afastados, aprendendo sobre outros mundos só nos enriquece", confessou ele ao citar uma frase de Caetano Veloso na qual ele diz que "o que herdei da minha gente eu nunca posso perder".
Sobre o álbum "América Brasil", que foi lançado em 2007, Seu Jorge explicou que conta com várias influências musicais, e "isso se nota a partir da variedade de instrumentos que compõem as músicas". "América Brasil representa a riqueza e pluralidade cultura de todos os países desse continente. Uma forma de podermos somar sem necessariamente perder nossa individualidade cultural", explicou Seu Jorge, que garantiu que o álbum foi feito para "ouvir, dançar e namorar".
Confira a entrevista na íntegra:
O grupo Farofa Carioca fez um misto de funk, reggae, rap, samba, dança e circo. No seu trabalho solo, o ritmo de maior expressão é o samba. Essa tendência também aparece no mais recente CD, "América Brasil"?
"América Brasil" é um disco que conta com várias influências musicais, isso se nota a partir da variedade de instrumentos que compõem as músicas. Tem a cuíca que remete ao samba, gaita e violino que dão ao disco um perfil mais folk, tem também uma forte presença da percussão. Enfim, um disco para ouvir, dançar e namorar.
Qual foi a idéia que você pretende atingir com o nome "América Brasil"?
América Brasil representa a riqueza e a pluralidade cultural de todos os países desse continente. Uma forma de podermos somar sem necessariamente perder nossa individualidade cultural.
Você ficou muito tempo fora do Brasil. Você acha que, com isso, pode correr o risco de perder o gingado e a raiz brasileira ao passar um longo período tocando e compondo no exterior, com outras inspirações e outro modo de vida?
Há uma frase do Caetano que talvez responda esta pergunta: "O que herdei de minha gente eu nunca posso perder". Não é por acaso que nossas raízes assim o são denominadas. O tempo que passamos afastados, aprendendo sobre outros mundos só nos enriquece, de modo algum anula aquilo que somos e aquilo que já sabemos, só adiciona.
Você acredita que a música e o reconhecimento no meio musical fizeram com que você, alguém de etnia negra, fosse visto de outra forma pela sociedade? Você acha que a música realmente transforma uma personalidade?
A música é uma forma de expressão, através dela posso me apresentar e dizer a que vim. Sem dúvida um negão com violão na mão faz amigos com mais facilidade, mas não transforma uma personalidade, apenas faz com esta seja reconhecida e talvez aceita.
Você já fez inúmeras parcerias com nomes importantes da música brasileira, como Ana Carolina, Ed Motta e Marcelo D2. Para você, qual o ponto mais importante deste tipo de projeto: a credibilidade, por ter seu trabalho vinculado a alguém renomado, ou a questão artística, a mistura de ritmos e influências por conta de duas personalidades diferentes?
A música não é minha ou de quem a faz, uma vez feita, a música é de quem quer ouvi-la, e quanto mais dividimos nossa arte, mais rica ela fica.
Você já passou por momentos difíceis em sua vida, e hoje tem uma carreira consolidada no meio musical. Você acha que a música, se feita com técnica, estudo e trabalho, pode ser um caminho para qualquer pessoa que tenha dedicação e empenho, ou o meio ainda depende de sorte e talento nato?
Certamente que o sucesso, em qualquer meio, depende de muitos fatores além do talento. Conheço muitas pessoas talentosas que simplesmente não encontram o espaço que merecem, não só na música. Isso acontece o tempo todo em todos os lugares. De qualquer forma o primeiro passo para a realização de um sonho é saber que sonho é esse, é saber aonde se quer chegar. Em nosso país as oportunidades são poucas, o investimento em cultura e educação é essencial para que se abra um espaço mais amplo para que as pessoas possam se realizar.
A partir do filme "Cidade de Deus", sua carreira no cinema despontou e você já tem participou de inúmeros projetos, inclusive no exterior. O que em sua personalidade e modo de atuação atraiu o interesse dos produtores? Você pretende seguir manter a carreira no cinema e na música nos próximos anos?
Eu não me vejo como um ator ou um músico. Não são duas atividades paralelas, mas duas que se completam. Foi com Cidade de Deus que as portas realmente se abriram para o cinema, e uma coisa foi levando à outra. Hoje recebo vários convites e roteiros para estudar, é muito gratificante poder fazer o que nos dá prazer e nos satisfaz profissionalmente.
O grupo Farofa Carioca fez um misto de funk, reggae, rap, samba, dança e circo. No seu trabalho solo, o ritmo de maior expressão é o samba. Essa tendência também aparece no mais recente CD, "América Brasil"?
"América Brasil" é um disco que conta com várias influências musicais, isso se nota a partir da variedade de instrumentos que compõem as músicas. Tem a cuíca que remete ao samba, gaita e violino que dão ao disco um perfil mais folk, tem também uma forte presença da percussão. Enfim, um disco para ouvir, dançar e namorar.



