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Mercado editorial

Um novo tempo

Amazon começa a vender e-books e o Kindle amanhã, ao mesmo tempo em que a Livraria Cultura lança o Kobo, seu aparelho de leitura digital

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O site da Amazon no Brasil deve começar a vender e-books e seu leitor digital Kindle no mercado nacional nesta semana. A expectativa é que a estreia aconteça até amanhã, data de início das vendas do concorrente Kobo, leitor digital fabricado no Canadá que será distribuído pela Livraria Cultura.

Na semana passada, a Amazon firmou parcerias com as editoras Intrínseca e Companhia das Letras para distribuição de seus respectivos catálogos. Inicialmente, 537 títulos da Cia. das Letras devem ser ofertados.

Além delas, Rocco, Objetiva, Record, Novo Conceito, Sextante, LP&M e Planeta, representadas pela DLD (Distribuidora de Livros Digitais), já haviam fechado com a Amazon.

O site da Amazon, em um primeiro momento, vai comercializar apenas livros. Para 2013, a empresa deve estender a operação para outros segmentos do varejo, como CDs e DVDs.

Com a entrada no mercado da Amazon, o Brasil passa a contar com nove livrarias digitais: iBookStore, Curitiba, Cultura, Saraiva, Gato Sabido, Curitiba, Buqui e Travessa.

Kobo

À venda a partir de amanhã no site da Livraria Cultura (www.livrariacultura.com.br), o Kobo é um e-reader, leitor de livros digitais, que apela para a praticidade e simplicidade. A tela é em preto e branco, do tipo que não cansa os olhos. Nos menos de 200 gramas, ele acomoda cerca de 30 mil livros, legíveis sem que a bateria se esgote por um mês. Na internet, o consumidor terá acesso a um acervo de 1 milhão de títulos da Kobo global.

É o que se tem de mais próximo no Brasil ao igualmente simples e consagrado Kindle, da americana Amazon. Comparação que o CEO da Livraria Cultura prefere abordar de outra forma. "É o Kindle que se parece com o Kobo. Não sou eu quem estou dizendo, o Kobo foi eleito o melhor e-reader deste ano", declara Sérgio Herz, citando a escolha da revista Wired, especializada em tecnologia, que elogiou a resposta da tela touchscreen e classificou a "e-tinta" do aparelho como a mais próxima do papel já vista.

O lançamento do Kobo, no entanto, vale menos pelo aparelho e mais por facilitar o acesso aos 12 mil títulos de e-books em português da Livraria Cultura. Até o fim do primeiro semestre, ela promete quadruplicar este número. A pouca quantidade de acervo digital em português se une a dois outros problemas para a massificação do e-book no Brasil: o preço salgado dos eletrônicos por aqui e o acesso cansativo a aplicativos e lojas digitais.

Amazon

Assegurar um conteúdo respeitável de títulos em português também foi o grande passo da Amazon antes do aguardado desembarque no Brasil. Após mais de um ano de arrastadas negociações, foi assinado neste mês o contrato da livraria on-line americana com a Distribuidora de Livros Digitais (DLD), plataforma composta por sete editoras brasileiras para armazenar e comercializar e-books.

"A estratégia da Amazon é se apresentar como uma livraria, e com descontos agressivos. Mas não é nos livros que eles lucram, eles te vendem até geladeira. Negociamos preços que não desrespeitem editoras e autores. Serão descontos não muito diferentes aos 20% a 30% praticados em outras livrarias digitais em relação ao impresso", assegura Ivan Pinheiro Machado, da L&PM, uma das editoras da DLD, com 600 títulos em português catalogados.

Tão desconhecida quanto a data de lançamento da Amazon no Brasil são os modelos de Kindle que ela comercializará por aqui. Por enquanto, o site da Amazon exporta o Kindle Keyboard a aproximadamente R$ 450 até o desembarque em uma grande capital brasileira. O valor é competitivo com o do Kobo, comercializado a R$ 399 de "puro imposto", conforme Herz. Nos Estados Unidos, o Kobo sai por US$ 130 (R$ 270).

"Não acho que o preço brasileiro valha a pena. É o valor de 10 livros físicos só pelo aparelho. Em promoção já vi tablets por R$ 999, que, além de servirem como e-readers, fazem um monte de outras coisas", aponta Eduardo Melo, do site revolucaoebook.com.br.

E-books

Desafios e preços salgados à parte, o mercado cresce. De 2011 para 2012, segundo Herz, a Cultura contabilizou um crescimento de 250% na venda de e-books. A iBook, livraria virtual da Apple acessível via iPhones e iPads, foi lançada em outubro no Brasil e, em menos de um mês, vendeu mais livros do que as livrarias Cultura e Saraiva somadas. Fundador da Simplíssimo, uma editora exclusivamente digital, Melo faz uma previsão audaciosa:

"Com os e-books e e-readers, aparecem autores independentes, que venderão as suas obras sem precisar se preocupar com a distribuição. Aposto que 2013 será o ano do primeiro fenômeno editorial brasileiro autopublicado."

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