
Uma das ideias por trás do show que o percussionista Marcos Suzano apresenta hoje, às 20h30, no Teatro da Caixa, é "falar o mínimo e tocar o máximo possível". O carioca, que diz se tornar um receptor de ritmos quando toca, deve apresentar cerca de 50 minutos ininterruptos de música, utilizando apenas instrumentos de percussão e equipamentos eletrônicos.
"No fundo, o percussionista é um transmissor", diz Suzano, em entrevista por telefone à Gazeta do Povo. "Quanto tenho que me manifestar musicalmente, tento fazer as ideias fluírem o mais rápido possível", explica o músico, que já trabalhou com artistas como Paulo Moura, Zizi Possi, Marisa Monte, Gilberto Gil e Lenine com quem lançou o disco Olho de Peixe, em 1993.
É de conceitos que a apresentação do músico é composta menos ao estilo dos virtuoses e mais próxima de percussionistas como Naná Vasconcelos, por exemplo. Em cada "movimento" do show, Suzano vai apresentar ideias de ritmos com instrumentos acústicos de percussão, como berimbau, caxixi, cajon, calimba e pandeiro para o qual chegou a criar uma técnica específica.
Camadas
Com um pedal eletrônico, Suzano grava o ritmo de cada instrumento, que reproduz enquanto toca, ao vivo, outra levada. "Ao mesmo tempo que apresento cada instrumento, mostro a montagem das ideias de ritmo combinando sons bem diferentes", explica Suzano, que já misturou percussão à música eletrônica em trabalhos anteriores, como Flash (2000). Completam a discografia de Suzano os discos Sambatown (1996), seu primeiro trabalho solo, Satolep Samba Town (2007), com Vitor Ramil, Atarashii (2008) e Trio 3-63 (2009), com Paulo Braga e Andrea Ernst Dias.
Percussão solo
É comum associar percussionistas a músicos que acompanham os arranjos dos instrumentos principais os chamados "ritmistas". Trabalhos em que a percussão é o instrumento principal são menos comuns. A possível estranheza do público com um show solo de um artista que frequentemente compõe apenas a "cozinha" da produção musical, de acordo com Suzano, é resolvida com boas ideias algo que Naná Vasconcelos faz com maestria. "Muitas vezes vi o Naná tocando e perguntei de que nave ele desceu", brinca Suzano. "Os conceitos e ideias que ele apresenta trazem a música mais para perto das pessoas. Porque o virtuose afasta. As pessoas veem e pensam: nunca vou chegar nisso aí. O conceito, por outro lado atrai", diz Suzano.
No entanto, a imprevisibilidade da reação da plateia e do resultado de sua apresentação que, de acordo com o músico, surpreendeu a ele mesmo pode ser positiva. "Talvez seja mais legal não entender do que entender. O bacana é exatamente a gente poder criar essas possibilidades de manifestação em que o cara vai se deparar com uma coisa que ele nunca viu."
Serviço:
Marcos Suzano na Série Solo Música. Teatro da Caixa (R. Cons. Laurindo, 280), (41) 2118-5111. Hoje, às 20h30. Os ingressos custam R$ 10 e R$ 5 (meia-entrada)
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Interatividade
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