
A escritora Helena Kolody virou um ícone para Curitiba: sua figura doce e simpática, características pela qual é sempre lembrada, propiciou uma espécie de "marca Helena" na cidade. No ano em que ela comemoraria 100 anos mais especificamente no próximo dia 12 várias homenagens à poeta estão pulverizadas por Curitiba. A partir de hoje, a Biblioteca Pública do Paraná (BPP) inicia uma série de eventos (veja a programação completa no quadro ao lado) da Semana Helena Kolody 100 Anos, que celebra o aniversário da autora e pretende resgatar a Helena poeta.
"A obra dela tem muita importância, mas é pouco discutida e lida. A imagem foi o que ficou de mais forte, o que de certa forma acabou ofuscando a sua obra, que é muito rica. Ela não era uma professorinha, era uma poeta que se preocupava com as questões da literatura. Temos de desmistificar essa figura romântica que existe sobre ela", acredita Rogério Pereira, o diretor da BPP.
A biblioteca também dedicou a edição de outubro de seu jornal, Cândido, para Helena Kolody, que estampa a capa e a matéria principal da publicação. A participação da autora no projeto Um Escritor na Biblioteca em 1986 (retomado pela BPP), uma conversa do escritor sobre a sua obra e sobre o tema biblioteca, é um dos materiais sobre a autora que estarão no Cândido (que tem tiragem de 10 mil exemplares e distribuição gratuita).
Além da exposição Helena Kolody 100 Anos, que inicia no hall do prédio e percorre as escadas com fotografias, textos e depoimentos da autora, o diretor Edson Bueno e o Grupo Delírio Cia. de Teatro vão apresentar a peça Helena, inspirada na obra da poeta, no auditório da BPP. Bueno, que teve a oportunidade de conhecer a escritora pessoalmente, diz que retomou a leitura da obra literária para a montagem. "Fizemos com a preocupação de ser algo lindo e interessante, passar a ideia de quem era ela. Eu a conheci quando ainda trabalhava na Gibiteca, ela tinha um olho brilhante, que parecia de criança. E seu texto tem a simplicidade dos sábios." Está na programação ainda a exibição do curta-metragem A Babel da Luz, do cineasta Sylvio Back.
Projeção
Para o diretor da BPP, a poesia de Helena Kolody tem tamanha relevância que pode ser definida, sem receio, como universal. "O texto dela traz problemas que perturbam o ser humano aqui ou na Sibéria. Ao mesmo tempo, não é uma obra hermética, é acessível, mas não é simplória", ressalta ele que, particularmente, prefere os poemas mais concisos da autora, fase que iniciou do meio para o fim da vida. A lacuna que Pereira enxerga é o fato de Helena não ter sido publicada por nenhuma grande editora as edições de sua obra foram locais ou feitas por ela mesma. "Uma projeção editorial, como uma antologia feita por uma grande editora, espalharia sua poesia e elevaria sua obra."
A partir da semana que vem, a RPC TV veiculará alguns trechos de poemas de Helena Kolody ao longo de sua programação. No dia 14 de outubro, a Revista RPC também exibirá no quadro "Casos e Causos" o curta-metragem de ficção As Helenas de Kolody, que fala sobre a imaginação da poeta, uma coprodução da emissora com o diretor Enrico Arana. Na ÓTV também será exibido o filme A Babel da Luz.



