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Bob Dylan: ícone da música mundial com origens no folk | Divulgação
Bob Dylan: ícone da música mundial com origens no folk| Foto: Divulgação
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Se Elvis Presley liberou os corpos de milhões de jovens ao redor do mundo, Bob Dylan liberou a mente de uma geração inteira. A afirmação passa longe do exagero e pode ir ainda mais além, levando-se em consideração que a música de Dylan continua sendo a principal referência de novas bandas, cantores e cantoras recém-saídos da adolescência por todos os cantos do planeta.

Canções como "Like a Rolling Stone", "Blowin’ in the Wind", "Just like a Woman", "Mr. Tambourine Man" e "Knockin’ on Heaven’s Door" já receberam releituras de alguns dos mais importantes intérpretes da música do século 20 e a discografia de Dylan (leia mais no quadro abaixo) é redescoberta a cada dia, sem que os versos de suas canções percam força ou significado.

Mesmo que não tenha sido o pioneiro ou o mais importante compositor da música folk, foi graças a Dylan que o gênero ga­­nhou status e importância, passando a ser respeitado até pela indústria fonográfica, que, até o final dos anos 1950, o desprezava em prol de uma música "hi­­gie­­nizada e pasteurizada", de acordo com as palavras do próprio Dylan, em sua autobiografia Crônicas – Volume 1. "A música folk era considerada uma porcaria, coisa de segunda, e era lançada por selos pequenos. Gravadoras grandes eram estritamente para a elite. Alguém como eu jamais seria admitido, exceto em circunstâncias extraordinárias."

De fato. Até o início dos anos 1960, poucos sabiam o que era a música folk, relegada a palcos em porões escuros e totalmente excluída das programações das rádios americanas. Dylan sabia e foi esse o motivo que o fez deixar sua casa em Minnesota, aos 20 anos, com destino a Nova York. Queria tocar em bares, gravar um LP e conhecer seu maior ídolo, Woody Guthrie (1912–1967) esse sim, uma verdadeira lenda da folk music. "Minha vida jamais foi a mesma depois de ouvir Woody Guthrie. Quando o ouvi pela primeira vez, foi como se tivesse caído uma bomba de um milhão de megatons", lembra Dylan.

Mas apenas ganhar alguns trocados interpretando 20 minutos de canções de folk tradicional em algum cafofo do bairro nova-iorquino Greenwich Village não bastava para Dylan. Captando influências do que lia nos jornais e em clássicos da literatura de nomes como William Faulkner, T. S. Eliot, Arthur Rimbaud e Jack Kerouac, Dylan aos poucos construiu algo original, fazendo surgir as "circunstâncias extraordinárias" de que precisava para conseguir seu espaço, mesmo sem se render aos caprichos da indústria. "Meu padrão eram canções de folk hardcore acompanhadas por um dedilhado em alto volume. Havia um monte de cantores e músicos melhores naqueles lugares, mas não havia ninguém parecido em gênero ao que eu estava fazendo. As canções de folk eram a maneira de eu explorar o universo, eram imagens, e as imagens valiam mais do que qualquer coisa."

E foi assim, fundindo música e poesia de maneira mais eficaz que qualquer um dos ícones beatniks que ele costumava ler e admirar, que Dylan tornou-se o porta-voz de sua geração, mesmo , mais tarde, viesse recusar o rótulo veementemente e a trocar o violão pela guitarra. "Tudo o que eu havia feito era cantar canções totalmente sinceras e que expressavam novas realidades poderosas. Eu tinha muito pouco em comum com a geração da qual supostamente era a voz e a conhecia menos ainda. Havia deixado minha cidade natal apenas dez anos antes, não estava vociferando as opiniões de ninguém. Meu destino assentava-se na estrada com o que quer que a vida trouxesse, não tinha nada a ver com representar qualquer tipo de civilização. Ser verdadeiro consigo mesmo, esse era meu lance."

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