Em Curitiba, é difícil encontrar pelas ruas uma rodinha de dança que não seja a dos garotos do hip-hop na entrada do Shopping Itália. É uma ausência que o premiado bailarino mineiro Vanilton Lakka pretende mitigar por onde passa. Em palestra hoje, no Espaço Cênico, às 10h30, ele defenderá sua tese de que a experiência com diferentes tipos de palcos e plateias contribui para a boa formação do artista cênico.
VÍDEO: Assista a um trecho do trabalho de Vanilton Lakka
Lakka separa os espaços de apresentação entre "arriscados" e "seguros", e constata que a exposição a "locais de risco" é fundamental ao preparo de bailarinos. "As pessoas fazem a formação toda em salas de aula e, quando têm de encarar a rua, não estão preparadas", disse ele à reportagem.
O despreparo passa não só pelo contato com o público, mas também pelo enfrentamento de pisos e outras condições físicas e climáticas que não podem ser controladas.
Ao estimular o rompimento dessa barreira, o objetivo é que "possa emergir um artista com uma sensibilidade maior para a interação com a cidade contemporânea", visão que Lakka elaborou ao mesclar estudos em dança e ciências sociais.
Com uma coleção de prêmios de instituições como a Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA), o bailarino une a dança de rua b-boy com movimentos contemporâneos (assista ao vídeo indicado nesta página), e prefere espaços fronteiriços entre a rua e o teatro, como galerias e halls de entrada.
Suas coreografias mais conhecidas são Dúbbio (2003), Você, um Imóvel Corpo Acelerado (2003), De va...gar: Últimos Capítulos da Cultura Nacional (2004), Interferência Inacabada...Preste Atenção no Ruído ao Fundo (2007), O Corpo É a Mídia da Dança? (2005) e Outras Partes, projeto premiado pelo programa Rumos Dança Itaú Cultural entre 2006 e 2007.
A palestra de hoje integra o projeto Modos de Ver, Ler e Criar Dança, organizado pela bailarina Marila Velloso, que trará ainda os pesquisadores em dança Rosa Hércoles e Giancarlo Martins até o fim do ano.
