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Vídeo | Reprodução/TV Globo
Vídeo| Foto: Reprodução/TV Globo

Fortaleza – Querô, filme do diretor brasileiro Carlos Cortez, foi o maior destaque das primeiras sessões da mostra competitiva do 17.º Cine Ceará – Festival Ibero-Americano, que segue até sexta-feira em Fortaleza. A produção, baseada no romance homônimo do dramaturgo Plínio Marcos, foi muito aplaudida pelo público na sessão do domingo à noite no Cine São Luiz, antigo e tradicional cinema da capital cearense.

Quem vive o protagonista da trama – um rapaz que não consegue escapar da vida do crime – é Maxwel Nascimento, jovem que nunca havia atuado na vida e que carrega praticamente sozinho o filme em sua estréia no cinema, não se intimidando com o elenco de peso formado por atores respeitados como Ângela Leal, Maria Luísa Mendonça, Ari Graça e Milhem Cortaz. A nova revelação do cinema brasileiro recebeu, pela surpreendente interpretação, o prêmio de melhor ator no Festival de Brasília 2006, deixando para trás Matheus Nachtergaele, Caio Blat e Daniel de Oliveira.

Nascido e criado na periferia de Santos, na favela do Mercado Municipal, Maxwel foi descoberto através de vários testes e oficinas que a produção de Querô fez na cidade litorânea paulista. O garoto, então com 15 anos (hoje tem 18), jogava bola na escola quando a equipe do filme chegou para cadastrar meninos para um teste. "Um colega meu chamou e disse para a gente fazer o teste. Falei: ‘Quê? Fazer teste para filme? Isso é coisa de v..., tão tirando onda com a gente’. Para você ver como a mente do pessoal da favela é muita fechada", revela o ator em entrevista ao Caderno G. Mas o amigo insistiu, disse que eles não tinham nada perder.

Maxwel nem se lembrava mais da audição quando foi chamado depois de quatro meses para uma nova bateria de testes, junto com 200 meninos. Mais dois meses de espera e ele recebeu a notícia que estava entre os 40 que fariam parte do elenco do filme. "Eles avisaram que o personagem principal seria disputado por todos. Fizemos um processo de preparação intenso, que durou dois meses. Foi uma grande experiência de vida. Tinha uma coisa de você abraçar as pessoas, de trocar idéias, chorar, dar risada, criar vínculo, E isso foi unindo o grupo", lembra. Os jovens santistas passavam, às vezes, cinco horas por dia fazendo os ensaios para o longa-metragem, atividade que foi aprovada pelos pais de Maxwel, vendedores ambulantes que viram o filho sair das ruas da periferia graças ao cinema.

A produção escolheu Nascimento como protagonista e lhe pediu muita dedicação ao trabalho. "Percebi que, se eu quisesse ajudar minha família, ter uma renda para conseguir um bom futuro, precisava me jogar de cabeça no filme", conta ele, revelando que o novo trabalho ajudou que sua família, um tanto afastada, se reunisse novamente. "Foi a única porta que me abriram e agarrei com tudo essa oportunidade. Com ela, vou mudar minha vida e vou levar toda a minha família junto, meus pais, meu irmão", completa.

Depois do filme, os produtores criaram as oficinas de cinema Querô, que seguem mantidas atualmente na região de favelas do centro de Santos. Maxwel e os companheiros de elenco fizeram os cursos e já realizaram seis curtas-metragens, com o ator fazendo um trabalho diferente, na parte de som e como produtor de locação. Mas ele ainda pretende focar sua carreira na atuação, e está tentando criar um grupo de teatro na escola. "A nossa turma tem o sonho de montar uma produtora. Alguns de nós já estão fazendo cursos para aprender como funciona o mercado e administrar recursos", conclui o ator.

- Leia entrevista completa no site www.gazetadopovo.com.br/cadernog.

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