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Paulistana de nascimento, Fernanda Boechat viveu em Marília, no interior de São Paulo, dos 8 aos 18 anos. Foi numa escola de lá que conheceu Sônia, professora de literatura que seria fundamental à sua formação pessoal e profissional. Sônia dispensava embasamentos teóricos formais. Lia em voz alta os textos que adotava, promovia encenações teatrais retumbantes, escalava a mesa à moda de Robin Williams em Sociedade dos Poetas Mortos; o bastante para encantar a menina que, poucos anos mais tarde, faria o vestibular para o curso de Letras. Hoje, aos 27, Fernanda, tradutora e professora de língua alemã, está terminando o mestrado na UFPR e, desde fevereiro, trabalha oficialmente como mediadora de leitura.

Ao lado de uma ex-colega de faculdade, Michelle Jeane de Souza, Fernanda Boechat encabeça o projeto Uma Literatura pra Gente, encampado pela Fundação Cultural de Curitiba. Impulsionada pelas ideias do teórico alemão Wolfgang Iser, a dupla promove, doze vezes ao mês, rodas de leitura para alunos de escolas municipais ou estaduais em comunidades carentes ou não de três grandes regionais da capital: Boqueirão, Cajuru e Portão. A idade de seu público varia entre 13 e 18 anos. Seu repertório vai de clássicos universais, como O Livro das Mil e Uma Noites — cujos contos fantásticos fazem sucesso entre os adolescentes mais jovens — a autores brasileiros consagrados, como Clarice Lispector, Luis Fernando Verissimo, Affonso Romano de Sant’Anna e Paulo Leminski.

A ideia, conta a mediadora, é desmistificar a literatura ao promover discussões abertas entre os jovens leitores, ou leitores em gestação, assim como reflexões que digam respeito ao mundo real, à realidade em que estão inseridos. Eles reagem bem; suas respostas não são homogêneas e o retorno não é rápido, mas trata-se de um trabalho que precisa ser feito e não pode ser interrompido. "Queremos mostrar a esses estudantes que os livros não trazem a eles uma resposta certa, única", diz Fernanda. "Queremos mostrar que eles não precisam entender, dos livros, o que alguém quiser que entendam. Queremos que fiquem à vontade para ler e dizer o que quiserem. Queremos criar um espaço para que se expressem. E mostrar que um livro pode ser uma história legal."

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