
Estreia hoje, em 250 cinemas de todo o país, a superprodução Xingu, do diretor paulista Cao Hamburguer (de O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias), que custou R$ 14 milhões e tem uma missão ambiciosa, porém malsucedida em certa medida. O filme pretende narrar a fascinante e até hoje pouco conhecida saga empreendida por Orlando (Felipe Camargo), Claudio (João Miguel, de Estômago) e Leonardo Villas-Bôas (Caio Blat) pelas regiões Centro-Oeste e Norte, onde escreveram um dos capítulos mais importantes da história da relação entre o Estado brasileiro e os indígenas brasileiros. E também foram responsáveis diretos pela criação do Parque Nacional do Xingu, em 1961.
Sob o comando do coronel Flaviano de Mattos Vanique, os Villas-Bôas fizeram parte da Expedição Roncador-Xingu, dentro do processo de interiorizacão do Brasil, a chamada Marcha para o Oeste, criada em 1943 pelo governo de Getúlio Vargas.
Leonardo e Claudio teriam feito uma primeira tentativa de ingressar na expedição, mas, rapazes de classe média do interior de São Paulo, educados e pouco acostumados às condições climáticas e à natureza selvagem que encontrariam em território amazônico, foram barrados pelo comando da missão.
Na versão dos fatos defendida pelo filme, "livremente baseada em fatos verídicos", os dois teriam retornado anos mais tarde, com barbas crescidas e uma aparência mais rude, se fazendo passar por humildes trabalhadores braçais analfabetos. E acabaram sendo aceitos. É uma das melhores sequências do filme. Mais tarde, quando conseguiram se impor à frente da expedição, chamaram o irmão mais velho, Orlando.
Com primorosa direção de fotografia de Adriano Goldman, Xingu é uma obra digna, bem realizada, mas que padece de um problema fundamental: contém uma história ampla e complexa demais para ser acomodada em seus 102 minutos. O longa tem de dar conta da, por vezes, bastante tensa relação entre os irmãos; do impacto da chegada do homem branco a áreas antes intocadas, onde os índios mantinham o mesmo estilo de vida há séculos; e, sobretudo, da importância da militância dos Villas-Bôas tanto na proteção dos direitos dessas tribos quanto na difusão de suas culturas.
É informação demais e Xingu resulta em um espetáculo que enche os olhos, mas é superficial e vago em vários aspectos.
GG1/2




