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Literatura

Uma nova crítica mordaz sobre o México

Se Vivêssemos em Um Lugar Normal, segundo livro de Juan Pablo Villalobos publicado no Brasil, usa do humor corrosivo para falar das mazelas de seu país natal

Villalobos é casado com uma brasileira e vive em Campinas | Divulgação
Villalobos é casado com uma brasileira e vive em Campinas (Foto: Divulgação)
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Em seu livro de estreia, A Festa no Covil (Companhia das Letras), Juan Pablo Villalobos utiliza a visão de um menino de 12 anos, filho de um chefão do narcotráfico, para tecer uma crítica humorada, mas mordaz, à política e à sociedade mexicana. Aos olhos de Tochtli, que vive dentro de uma fortaleza com o pai e só conhece o mundo exterior por meio do noticiário da televisão, a violência que o cerca não faz parte do cotidiano de todas as crianças.

Em Se Vivêssemos em Um Lugar Normal, segundo livro de Villalobos publicado no Brasil, o escritor mexicano volta a utilizar um personagem adolescente para fazer, novamente com um humor corrosivo, uma descrição das mazelas da população e das ações de governantes de seu país natal.

Orestes faz parte de uma família numerosa, que mora em uma pequena casa, chamada de caixa de sapatos pelos moradores, no alto de um morro, o Morro da Puta que o Pariu, em Lagos de Moreno, onde "há mais vacas que pessoas, mais charros (vaqueiros mexicanos) que cavalos e mais padres que vacas".

O menino narra a história de sua família e o sonho de fugir dali, deixar aquela realidade. Fala da luta de classes, da fé do povo e da corrupção dos políticos, tecendo uma teia de flagelos.

Ele é filho de um professor de educação cívica e "profissional do insulto apaixonado pela Grécia" – Orestes e os irmãos têm nomes que homenageiam pensadores e personagens da cultura helênica – e de uma dona de casa afeita ao melodrama e responsável pela preparação de quesadillas (prato típico mexicano) para a família.

O paralelo que o autor faz com as quesadillas para narrar os tempos bicudos (um país marcado pela hiperinflação e uma situação econômica delirante) que o México viveu na década de 1980 é hilariante, apesar de trágico. É impossível não rir de tanta desgraça e de tantos palavrões utilizados. Para quem viveu os anos 80, é fácil comparar e ver as semelhanças com o Brasil da época.

TerceiroVillalobos é casado com uma brasileira e mora em Campinas. O escritor prepara seu terceiro livro, que ainda não tem previsão de publicação.

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