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CD

Uma trilha fora dos trilhos

Álbum com as músicas do filme O Grande Gatsby é uma mistura de referências

Lana Del Rey canta o tema central do filme | Divulgação
Lana Del Rey canta o tema central do filme (Foto: Divulgação)

O cinema do diretor australiano Baz Luhrmann é construído em torno de músicas que dialogam com a narrativa até o ponto de se tornarem parte intrínseca do texto do filme. Ainda que se trate de um drama de época, como O Grande Gatsby, em cartaz nos cinemas. A trilha sonora do longa-metragem, produzida pelo nova-iorquino Shawn "Jaz Z" Carter, grande nome da cena hip hop contemporânea, dá o ritmo do que se vê na tela, estabelecendo os climas e servindo de ponte dissonante, desestabilizadora, entre os anos 1920, quando a trama se desenrola, e os tempos atuais.

VÍDEO: Assista ao clip "Young and Beautiful", de Lana Del Ray

Em cena, se ouve um pouco de tudo: rock, soul, hip hop e pitadas de gêneros em voga nos "anos loucos", como o jazz e o charleston. E tudo ao mesmo tempo agora, como, de certa forma, Luhrmann já havia experimentado em Romeu + Julieta e Moulin Rouge – O Amor em Vermelho.

Quando se ouve o CD com a trilha de O Grande Gatsby, lançado pela Warner Music, a sensação que se tem é próxima àquela provocada pelo filme. Há acertos e erros, mas não há como ficar completamente indiferente à ousadia, temperada com generosas doses de exagero, de Jay-Z e Luhrmann.

A faixa central do álbum, assim como do próprio filme, é a canção "Young and Beautiful", gravada pela musa retrô Lana Del Rey. Como seu próprio nome, falso, a artista é toda simulacro, performance e evocação de algo que não é. E conquistou milhões ao redor do mundo, evocando uma nostalgia prêt-à-porter que não deixa de ser interessante, por se assumir performática.

A canção, uma balada trágica, melancólica e inebriante, fala do caráter efêmero da beleza: "Will you still love me when I’m no longer beautiful?", indaga a letra, que tem tudo a ver com a fragilidade do mundo artificial e frívolo em torno do qual a história de F. Scott Fitzgerald já era construída – algo elevado a limites perigosos por Luhrmann.

Na trilha, Jay-Z comete atos arriscados, como uma nova versão da bela, e relativamente recente, "Back to Black", imortalizada por Amy Winehouse, na voz de mulher do produtor, a cantora Beyoncé, acompanhada por Andre 3000, do Outkast. Do repertório da esposa, o rappar repagina "Crazy in Love", em uma levada jazzy, agora na voz da revelação do soul britânico Emeli Sandé, acompanhada da orquestra de Bryan Ferry, que, por sua vez, regrava "Love Is the Drug". O álbum é, enfim, uma grande casa de espelhos.

Além do tema entoado por Lana Del Rey, que é um caso de "ame-o ou deixe-o!", como não deixa de ser o filme, as melhores faixas da trilha de O Grande Gatsby são "Love Is Blindness", canção do U2 em rasgante versão de Jack White, e "Over the Love", do ótimo Florence and the Machine. GGG

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