
Mãe incomum, rebelde, irônica e revolucionária. Essas são apenas algumas definições para a artista plástica Violeta Franco (1931-2006), que ganha uma retrospectiva da sua carreira no Museu Oscar Niemeyer, que abre hoje, às 19 horas. Violeta Franco: A Garaginha e a Arte Moderna no Paraná traz cerca de 80 obras da artista, além de outros trabalhos de frequentadores do espaço.
Fundada por Violeta na garagem da mansão do avô, a Garaginha foi, segundo o curador da exposição, Fernando Bini, o primeiro lugar de aglutinação de artistas do Paraná, que se encontravam para discutir, principalmente, temas relacionados à arte moderna, ler as edições da revista francesa Art D´Aujourd Hui e buscar o seu lugar ao sol na cena artística.
O núcleo durou entre 1949 e 1951 (até ela se casar com o também artista Loio Pérsio), em tempos em que a Escola de Música e Belas Artes do Paraná (Embap) estava em seu início. Alcy Xavier, Domício Pedroso, Paul Garfunkel, Emma Koch, entre outros, eram alguns dos artistas da Garaginha. Miguel Bakun (1909-1963) também costumava aparecer por lá, mas de maneira discreta. "Eram principalmente alunos do Guido Viaro (1897-1971) e do Poty Lazzarotto (1924-1998)", explica Bini. Por conta disso, o curador reuniu na primeira parte da mostra obras dos frequentadores e dos mestres Viaro e Lazzarotto.
O fim da Garaginha, no entanto, não freou a vontade de Violeta de criar um espaço para debate. Junto com o marido Loio e com ex-frequentadores, como Fernando Velloso e Nilo Previdi (1913-1982), fundou o Clube da Gravura do Paraná, em 1953. Depois, no fim daquela década, o ponto de encontro passou a ser a Galeria Cocaco. Separada de Loio em 1957, foi para São Paulo e se casou com Samuel Félix da Cunha. Com a morte prematura do segundo marido, retornou para Curitiba, viúva e desquitada, um acinte na época. "Ela voltou com os três filhos no braço, era estranha até para o meio artístico. Não era nenhum pouco convencional", diz o filho caçula, Samuel Franco de Carvalho.
Transições
Violeta também não ficou presa a um estilo artístico o sombrio do início da carreira, influência do expressionismo alemão, deu lugar (sobretudo a partir dos anos 1980) a uma pintura de tom mais leve, mas ainda forte. "Acho que tudo o que ela fez tem unidade, mas Violeta sempre foi muito espontânea", salienta Bini. Para o filho, que define a mãe como uma "parceira irônica, com capacidade agregadora", Violeta "curtiria muito" a montagem da mostra em sua homenagem. "Ela ia gostar de ver o pessoal da técnica empenhado. Parece que a Violeta cria uma coesão, mesmo ausente."



