O palco do Teatro do Paiol recebe neste fim de semana, em duas apresentações sábado, às 21 horas, e domingo, às 19h30 , a cantora baiana Virgínia Rodrigues, como parte da programação especial em homenagem aos 35 anos do espaço, reformado e reaberto em março deste ano. Considerada uma das vozes mais sublimes da música popular brasileira, Virgínia apresenta o repertório de seu mais recente trabalho, Mares Profundos, lançado em 2003 pelo selo de world music da gravadora alemã Deutsche Grammophon e editado no Brasil pela Universal no ano seguinte.
No álbum, o terceiro de sua discografia, Virgínia interpreta afro-sambas compostos pelo violonista Baden Powell e o poeta Vinícius de Moraes. O disco, produzido por Luiz Brasil e com direção artística de Caetano Veloso, é formado por canções como "Canto de Ossanha", "Tristeza e Solidão", "Canto da Pedra Preta" e "Canto de Yemanjá", que serão apresentadas nos shows curitibanos em um formato enxuto: no palco, apenas a cantora e os músicos João Bani (percussão) e Bernardo Bosísio (violão), que costumam acompanhá-la.
Descoberta por Caetano Veloso em 1997, durante um ensaio da banda Teatro Olodum, em Salvador, a cantora e ex-manicure foi contratada pelo selo Natasha do próprio Caetano , que lançou seu primeiro álbum, Sol Negro, ainda no mesmo ano, com direito a participações de Gilberto Gil, Milton Nascimento e Djavan. O trabalho, muito bem recebido na Europa e nos EUA, rendeu a Virgínia elogios rasgados em veículos como The New York Times e Rolling Stone, além de uma entrevista ao vivo na televisão americana feita por David Byrne (ex-Talking Heads) e turnês por ambos os continentes.
Homenageando os blocos afro de sua terra-natal, como Ilê Aiyê, Olodum, Timbalada, Ara Ketu e Afreketê, Virgínia lançou, em 2000, o segundo título de sua discografia, Nós, que ajudou a consolidar a fama de diva de MPB no Brasil e, principalmente, no exterior. Para tristeza de seus fãs brasileiros e alegria de seus numerosos discípulos estrangeiros entre eles, gente ilustre como Harrison Ford e Bill Clinton , foi longe de seu país de origem que a cantora lançou Mares Profundos, que só nos EUA já ultrapassou a marca de 5 mil cópias vendidas.
Os shows no Teatro do Paiol são uma rara oportunidade para prestigiar um talento legitimamente brasileiro que, infelizmente, encontra mais reconhecimento em outros continentes do que no próprio país cantado e homenageado nas canções de Virgínia Rodrigues.



