
Três caras, a paixão pelo rock e a vontade de ter uma banda. Essa combinação pode ser encontrada muitas vezes mundo afora. Mas a Nevilton é mais do que isso. É o "fino rock presidencial", uma alusão etílica (mais especificamente, ao Conhaque Presidente) que combina muito bem com a música viciante produzida pela banda do interior do Paraná.
O trio é formado por Nevilton de Alencar Junior, guitarra e voz, de 24 anos, Tiago "Lobão" Inforzato, baixo e backing vocals, de 30 anos, e Éder Chapolla, bateria e backing vocals, de 26 anos. A banda de Umuarama, no noroeste do estado, está ganhando os palcos e fãs em todo o Brasil.
Desde sua formação, em 2007, a banda já tocou em todas as regiões brasileiras. Participou dos principais festivais do país, como Abril pro Rock, em Recife; Conexão Vivo, em Belo Horizonte, Oi Novo Som, em Curitiba; Calango, em Cuiabá; Festival do Sol, em Natal; PMW Rock Festival, em Palmas, no Tocantins, e Demo Sul, em Londrina. Mas a abertura do show do Green Day, em outubro de 2010, foi a apresentação que rendeu mais repercussão à Nevilton. "Participamos de um concurso da MTV em que concorremos com mais de 700 bandas. A última etapa era um show no Inferno Club, em Sampa. Lá, um júri de pessoas ligadas à música nos elegeu e, por isso, abrimos o show do Green Day", conta o vocalista.
Lobão acredita que a abertura do show da banda americana foi importante para que a Nevilton se tornasse conhecida por um número maior de pessoas. Desde o ano passado, o clipe de "O Morno", um registro on the road da banda, aparece constantemente na programação da MTV Brasil. Além disso, o EP Pressuposto foi eleito o 4.º melhor disco de 2010, pela revista Rolling Stone, uma das publicações musicais mais respeitadas do país. Para o vocalista, o reconhecimento é a uma evolução do trabalho da Nevilton. "É muito bom saber que estamos entre as bandas que representam o Paraná. Ficamos muito felizes."
Los Angeles
Nevilton e Lobão se conheceram tocando em bares de Umuarama. Mas a história da banda começa em 2006, quando o vocalista e Tiago Lobão resolveram morar em Los Angeles, na Califórnia. Na época, Nevilton cursava o penúltimo semestre do curso de Letras, na Universidade Estadual de Maringá (UEM), e o baixista trabalhava como bancário em Umuarama. "Eu quase morria. O que ajudava é que nessa época a gente fazia parte da Superlego, uma banda de covers, e eu também tocava com uma banda de rock dos anos 1970. Largamos tudo e fomos para Los Angeles", lembra o baixista.
"A gente foi pra lá para aprimorar o inglês, porque era a terra do Guns N Roses e porque Los Angeles é Los Angeles", resume Nevilton. Durante a fase embrionária da banda os dois trabalharam como apoio de grandes shows como Supreme, Steve Wonder e do próprio Guns N´ Roses. Além disso, a dupla tocava música brasileira em bares famosos, entre eles um de propriedade do ícone do blues B.B King.
O choque cultural foi importante para a profissionalização da Nevilton. "A gente sabia que lá acontecia alguma coisa diferente, mas ainda não sabia o quê. Vimos que tudo funciona como uma indústria, que é preciso pensar na música como produto. Mas é claro que não podemos deixar a arte de lado. Não faria sentido", justifica Lobão.
No ano seguinte a dupla voltou para o Brasil. Nevilton chegou em abril, e começou a organizar a banda. Quando o baixista voltou, as coisas já estavam encaminhadas. No dia 30 de junho de 2007, Nevilton, Tiago Lobão e Fernando Livoni (baterista original) fizeram a primeira apresentação da Nevilton, na festa de 15 anos da irmã do vocalista.
Mais tarde, a experiência em LA virou uma música, apresentada durante o Femup (Festival de Música e Poesia de Paranavaí). A música "Conto até pro Belchior" falava sobre a vida de Nevilton e Lobão na Califórnia. "A gente viveu tanta coisa legal por lá que pensamos: pô, isso eu conto até pro Belchior", explica Nevilton. O músico carioca é um dos ídolos do vocalista, que o considera "instrumentalmente muito fino".



