
Nos relatos pessoais do livro, Lena Dunham consegue rir dos próprios fracassos e aproximar os leitores.
Ainda bem que ela fez terapia. Por mais que a sua relação com o divã tenha sido um tanto ambígua, certamente deve ter ajudado a moça trabalhar o amor próprio, algo que ela parece ter deixado de lado durante boa parte da sua adolescência e juventude. Muitas histórias, sobretudo amorosas, que estão em Não Sou Uma Dessas (Intrínseca), que chegou recentemente às livrarias brasileiras e, nos Estados Unidos, ocupa o primeiro lugar na lista das obras mais vendidas do jornal New York Times.
Em poucas palavras: se você é uma garota/mulher que já teve um babaca em sua vida, possivelmente vai comprovar com o livro que os babacas encarados por Lena beiram o surreal.
Criadora e roteirista da série Girls, da HBO, que em janeiro de 2015 estreia a sua quarta temporada nos Estados Unidos, a autora é considerada a voz da geração atual já foi comparada por críticos com J.D. Sallinger e Woody Allen (constatação um pouco exagerada). Entretanto, é impossível negar sua relevância: ela consegue se comunicar de forma clara e divertida , e gera uma identificação com as mulheres no seu livro, ao relatar histórias, bastante íntimas, sobre namorados, família, escolhas e carreira.
O mesmo acontece na série de sua autoria: recebeu oito indicações ao Emmy, ganhou dois Globos de Ouro (um como melhor atriz pelo seu personagem em Girls, Hanna Horvath), colabora frequentemente para a revista The New Yorker e foi a única mulher a receber o prêmio Directors Guild of America fato importante para ela, que tem o feminismo como causa, e acredita que a igualdade de gênero é uma causa urgente.
Fora as histórias inacreditáveis de suas "conquistas" amorosas (hoje, ainda bem, Lena diz que namora um cara doce e extremamente gentil), os relatos mais agradáveis de ler são sobre a sua família ela é filha de dois artistas, que assistiam e davam pitacos em seus curtas-metragens eróticos produzidos na faculdade. Fala sobre o carinho e a gentileza do pai (e como, por muito tempo, ela só procurou tipos totalmente diferente dele), e da mãe, uma fotógrafa que, segundo ela, é a "inventora do selfie."
A parte sobre corpo e dietas não deixa de ser menos hilária: ela transitou pelo vegetarismo junkie e por dietas restritivas. Na obra, ela publica parte de um diário alimentar, um dos documentos "mais humilhantes" de seu computador.
Excesso
Um dos problemas do livro, porém, é o excesso de ironia, o que torna determinado textos um tanto cansativos.




