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O primeiro dia da Virada Cultural em Campo Mourão foi marcado por altos e baixo, mas no balanço geral cumpriu o objetivo de democratizar a cultura e divulgar as diferentes vertentes artísticas e culturais. Na abertura do evento - com apresentação da banda municipal e da Orquestra Paranaense de Viola Caipira, Cascavel - o público era reduzidíssimo na Praça São José, onde está instalado o palco Conexões.

Contribuiu para isso o tempo abafado, termômetros marcando 29 graus - mas com sensação térmica de muitos mais - e a competição com o comércio local que abriu suas portas até às 17 horas.

Um público reduzido, estimado em 150 pessoas, foi a praça conferir os acordes das violas da orquestra. Quando a banda municipal tocou, não mais que 50 pessoas ocupavam a praça.

Parte dos presentes eram funcionários públicos municipais que estão em greve na cidade e compareceram na abertura da virada estendendo cartazes e faixas em um protesto pacífico. E foi assim durante a tarde inteira. Grupos locais - como a trupe de circo da Fundação Cultural, banda Bons e Velhos, grupo folclórico Maracá - se apresentaram e fizeram intervenções culturais no museu, no terminal urbano, na biblioteca e na praça. Sempre com público formado no máximo por algumas dezenas de pessoas. A secretária de Cultura da cidade, Sonia Singer, chegou a reclamar que os órgãos de comunicação locais não teriam colaborado para divulgar a programação.

"Alguns jornais, rádios e tv não quiseram se associar a imagem do evento porque estava em época de campanha e muitos desses órgãos pertencem a adversários da atual administração", disse ela.

O marasmo para os artistas que se apresentavam permaneceu até por volta das 21h30. O Quarteto em Cy, que deveria subir ao pal co às 21h, passou o som, olhou para platéia e se recolheu no camarim. A tarefa de empolgar o público coube a banda Brasileirão, de Curitiba. O sambalanço do grupo começou ecoou pela cidade.

A estrutura de som montado pelo governo do estado, permitiu que a música se espalhe não só pela área central, mas também por alguns bairros. Quando as senhoras do Quarteto em Cy, com sua longeva carreira de mais de 40 anos, subiram no Conexões, o público já era estimado em 500 pessoas. A afinação das quatro Cy - as irmãs Cyva, Cynara e Cybele - e da amiga Sonya, que substituiu a outra irmã Cylene, que integrava a formação original, empolgou a platéia que cantarolou junto as composições de Vinícius de Moraes, Dorival Caymmi, Chico Buarque e Tom Jobim.

O grande destaque da noite, no entanto, estava por vir. O som eclético da orquestra curitibana Big Time - que passa por Raul Seixas, Ultraje a Rigor, Tim Maia, Elvis Presley, Ray Charles, Rolling Stones entre outros - incendiou de vez a praça e o público apareceu como num passe de mágica. Irreverentes em suas coreografias, bom humor e com carisma raro com o público, o grupo curitibano foi o grande sucesso do dia. Já quase no final da apresentação dos músicos da capital, que tiveram que voltar ao palco várias vezes, a estimativa era que cerca de 2 mil pessoas ocupavam a praça. Já era quase 1 hora da manhã, quando o bloco carnavalesco local "Cai Nessa" subiu no Conexões. A praça começou a se esvaziar e os carnavalescos encerraram o show em 40 minutos.

Na biblioteca da cidade, o espetáculo teatral "Hamlet Machine", inspirado em Hamlet de William Shakespeare e dirigido pelo diretor Carlos Soares, prata da casa, surpreendeu. Mesmo sendo iniciada às 2 da manhã, a peça atraiu quase 70 pessoas. Número bem superior a maioria das apresentações que ocorreram durante todo o dia. O fato fez o diretor brincar: "acho que os espetáculos deveriam começar a partir da meia noite". A presença do compositor Renato Teixeira, mais próxima do gosto musical da cidade, promete ser a grande atração deste domingo. O show está marcado para ocorrer no palco Conexões às 15 horas.A realização da Virada Cultural aos poucos vai abrindo um novo leque de opções para a população de Campo Mourão e revela que a música não se restringe ao funk e sertanejo, ritmos mais tocados na cidade. Será que vão se acostumar?

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