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Banda norte-americana Flogging Molly: o folk atual por meio de músicas tradicionais irlandesas com pegada punk rock | Fotos: Divulgação
Banda norte-americana Flogging Molly: o folk atual por meio de músicas tradicionais irlandesas com pegada punk rock| Foto: Fotos: Divulgação
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No princípio eram violão e voz, que resultavam em canção. Canção essa que contava histórias, com capítulos que incluíam citações à cultura de um povo, à passagens marcantes na vida de seus intérpretes, e ao amor – consumado ou não. Com o aumento do volume das guitarras, a partir dos anos 1970, a inclusão de temáticas singulares em músicas de rock criou um novo nicho para novas bandas. A ideia, então, era tomar a consistência musical estabelecida pelo rock e adicionar elementos típicos do folk. E aí várias portas se abriram.

Por todo o mundo surgem bandas que são classificados de subgêneros do folk. E também por várias razões. Beirut, por exemplo. A banda norte-americana que tocou no Brasil em setembro deve parte do rótulo à insatisfação musical de Zach Condon, seu frontman. Aos 16 anos, o garoto que iniciava no trompete largou a escola e viajou para o leste europeu. O objetivo era entrar em contato com a cultura local: o folclore musical dos balcãs, o diferencial que fez "Elephant Gun" uma música reconhecida internacionalmente.

Mas não é preciso ir longe. Sob outra perspectiva – a mercadológica –, Mallu Magalhães encontrou no folk "voz e violão" sua oportunidade. Mais do que a dita garota prodígio da música, a menina criou um ineditismo vendável ao compor canções que, diz ela, são influenciadas por Bob Dylan e Johnny Cash. Por mais que cante "tchubaruba".

E o folk no Brasil tem seu estopim em músicos como Sá, Rodrix & Guarabira, Renato Teixeira, Al­­mir Sater, entre outros. Apoiados sempre em um violão, histórias de seu mundo foram contadas em narrativa: é o rock rural brasileiro, no caso do primeiro grupo, mas também a valorização da canção. Até Zé Ramalho – que recentemente lançou um disco em homenagem a Bob Dylan – tentou ser folk ao unir os elementos únicos nordestinos ao trovador de Minnesota, ícone do folk. O resultado é duvidoso, mas a música de raiz está presente.

Outro exemplo atual e internacional é a banda Flogging Molly. Formada em Los Angeles, em 1997, é conhecida por seu êxito em misturar música tradicional irlandesa com o punk rock – teríamos aí um punk folk?. O grupo saiu do anonimato quando gravou "Whiskey in the Jar", famosa canção irlandesa que conta a história de um assaltante de estrada que é traído pela mulher. A música é, talvez, a mais reconhecida da Ir­­landa, teve sua primeira exposição com a banda The Dubliners, mas já foi gravada inclusive por Metallica, em 1998. Com fagote, gaita de fole e outros instrumentos típicos, a Floggin Molly revitaliza o folcore irlandês com pegada – bateria e baixo – rock.

Em bandas folk a função de escritor de canções é primordial. A banda canadense The Weakerthans, por exemplo, valoriza essa característica. Na música "Reconstruction Site", presente no álbum homônimo (2003), John K. Samson canta "e eu falho como uma piada ruim que o tio de alguém contou em uma festa de casamento em 1972". Já na irônica "One Great City!", há citações intimistas à cidade canadense de Winnipeg: são as raízes em destaque, sob um violão doce e voz estridente, ainda que interessante.

Há ainda os que se apropriam do gênero de uma forma mais ortodoxa, como os norte-americanos Bon Iver e Josh Rouse e o sueco José Gonzales. O primeiro – cujo nome é uma brincadeira com a expressão "bon hiver" (bom vento, em francês) –, conseguiu muita projeção com For Emma, Forever Ago, disco incluído em muitas listas dos melhores do ano de 2007. Novamente, voz, violão e boas letras, agora com considerável dose de melancolia.

Josh Rouse conheceu alguns músicos no estado do Tennessee e mostrou algumas de suas composições. Era o que precisava. Habilidoso violonista, fez sua carreira de 13 discos – o mais conhecido é Nashville (2005) – , baseados no folk pop: melodias agradáveis e harmonias delicadas.

Já José González, filho de mãe argentina, deixou sua banda de punk rock para se dedicar às canções folk. Apesar de só ter dois álbuns lançados, é reconhecido pelo sentimentalismo aflorado de suas canções, apoiadas em voz delicada e instrumentalismo quase clássico. O folk está vivo e pode ser isso e mais um pouco.

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