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Vocalista do Killers faz festa anos 80 em novo disco

Brandon Flowers “solta a franga” em “The Desired Effect”. Trabalho é irregular, mas tem bons momentos (além de muitos falsetes e reverbs)

Brandon Flowers sempre teve predileção pelo kitsch, mas agora escancarou suas influências. | Divulgação
Brandon Flowers sempre teve predileção pelo kitsch, mas agora escancarou suas influências. (Foto: Divulgação)

Pessoas tem um fascínio por épocas específicas. Há quem idolatre a ingenuidade dos anos 50, o espírito hippie dos anos 60, a rebeldia dos ‘70. E existem os fissurados no exagero e na cafonice da década de 80. Brandon Flowers, vocalista do The Killers, faz parte desse último grupo. Se esse deslumbre já vinha ficando mais evidente nos últimos trabalhos da banda, agora é escancarado em “The Desired Effect”, segundo álbum da carreira solo do cantor.

O Killers foi um dos primeiros representantes da geração 2000 do indie a apostar no rock dançante com influências oitentistas. Fórmula certeira, que tornou a banda um dos gigantes do pop rock atual e permitiu que Flowers se aventurasse em projetos solo. Mas diferente de outros artistas, que usam esse expediente para se livrar das amarras do coletivo, pode-se dizer que o vocalista do The Killers faz dele uma extensão da banda.

Tanto o primeiro disco solo, “Flamingo” (2010), como “Desired Effect” poderiam ser facilmente confundidos com um trabalho do Killers. A diferença é que no novo álbum Flowers, digamos, “solta a franga”. O cantor nos convida para uma verdadeira festa dos anos 80, com tudo o que isso tem de bom e de ruim.

A recepção é no melhor estilo, com a empolgante “Dreams Come True”, em que Flowers tira os convidados para dançar e canta que “tudo ficará bem”, com direito a sopros e coro feminino. Se ainda era possível se sentir no século 21, a partir da segunda faixa os anos 80 e sua aura kitsch tomam conta. Segue então um baile irregular, de erros e acertos.

Flowers manda bem quando consegue combinar seu repertório contemporâneo às influências passadas. Caso da dançante “I Can Change”, que usa o sample de “Smalltown Boy”, hit de 30 anos atrás do Bronski Beat (quem?), e tem a participação de Neil Tennant, do Pet Shop Boys. Ou “Still Want You”, com um delicioso refrão grudento cantado por um coro feminino.

Em contrapartida, músicas como “Can’t Deny My Love” e “Lonely Town”, com seus teclados e batidas, soam como canções do Alphaville (aquele de “Forever Young”) ou do Toto (“I bless the rains down in Africaaaaaa”). E tome sintetizadores, falsetes, reverbs e saxofones.

Ainda que irregular, “Desired Effect” mostra uma evolução de Brandon Flowers em relação ao seu primeiro trabalho, um pastiche desacelerado do Killers. Como toda festa, não há como se divertir o tempo inteiro, mas rende bons momentos de descontração.

Veja o clipe de “I Can Change”:

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