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Entrevista

Volta ao mundo de Partimpim

Adriana Calcanhotto, cantora e compositora

Calcanhotto lança seu segundo disco inspirado no universo infantil e já pensa no show que deve viajar pelo país | Leo Aversa/Divulgação
Calcanhotto lança seu segundo disco inspirado no universo infantil e já pensa no show que deve viajar pelo país (Foto: Leo Aversa/Divulgação)

Vontade de ser mãe ela nunca teve. Mas gosta de ouvir música como criança, de ouvidos abertos. Adriana Calcanhotto vestiu mais uma vez sua máscara de cores infantis, que já lhe rendeu dois discos de ouro (pelo CD Adriana Partimpim e pelo DVD Adriana Partimpim – O Show), e correu para o estúdio para gravar o segundo álbum com seu apelido de infãncia: Partimpim Dois. Ela conta mais na entrevista abaixo.Quando o Dois foi gravado?

No inverno deste ano. Tenho uma lista onde boto as possibilidades de canções para serem gravadas, em maio fui dar uma espiada e saltou um disco daquela lista. Decidi não segurar, contra a minha tendência natural de ficar convivendo com as canções e pensando nos arranjos por muito tempo. A Sony perguntou se eu entregaria o disco em outubro. Achei louco e encarei como uma oportunidade de fazer de uma forma diferente, com a espontaneidade do primeiro contato dos músicos com as canções. Aquilo sempre é mais livre e mais lúdico do que a terceira ou quarta vez, quando você começa a pensar e a se acostumar.

Você tem filhos? Para criar a Partimpim, recorre à sua infância ou a crianças com quem convive?

Nunca quis ter filhos. Na verdade, não penso na minha infância como um resgate nostálgico. As coisas que acho mais bacanas da infância são o olhar e o ouvido infantil. Sou profissional, mas ouço música como as crianças ouvem. Me recuso a separar tudo, a linha do baixo, da guitarra. Não quis ter esse ouvido superespecializado. É um privilegio ter os ouvidos abertos. Olhar para o mundo sempre com o encantamento da primeira vez.

Então não busca o contato de outras crianças, para saber o que elas gostam de ouvir, na hora de decidir como o disco vai ser?

Esse nem pretende ser um disco segregado ao escaninho infantil. Isso não corresponde à realidade da maneira como as crianças ouvem música. Elas estão no mundo, portanto, ouvindo o que o mundo adulto está ouvindo, as noticias boas e más. Não gosto da ideia de endereçar para um grupo. Quando se pensa nesses termos, vai ficando música para republicano, gay, preto, criança.

O que a máscara de Partimpim lhe permite?

Eu fiz a capa do primeiro disco com máscaras. Quando fui fazer o show, não pensei na máscara. Fiz o ensaio geral no Rio de Janeiro, para crianças convidadas, porque é chato fazer para ninguém, e o show não rolou. As mães disseram que se não tivesse a máscara, não era a Partimpim. Fizemos uma correndo para a estreia.

A máscara deve ajudá-la também a criar a personagem.Não é a mascara. Ela precisa dos objetos. Levou todos para gravar o disco, brinquedos, latas e presentes que ganhou das crianças, bilhetes, desenhos, bonecos. Con­­têineres de coisas! Isso vai fazendo um ambiente interessante, ver os músicos com instrumentos com bichinhos e ursinhos.

Um canção curiosa em Dois é "Ring­­tone de Amor". Você a com­­­­pôs para tocar em celulares?

Não é uma canção, é um ringtone, fiz em 2007. Com tempo de ringtone, repetido três vezes. Foi feita para ser baixada da internet para o celular. As pessoas que ouviram queriam um suporte (CD), por isso pensei em pôr como bônus do disco. Ela foi sendo promovida à canção e se acomodando muito bem no meio das outras. Subiu lá de baixo da lista (até a segunda faixa).

"Ringtone..." dá um toque bem contemporâneo ao disco, mas é interessante que ficou ao lado do clássico "O Trenzinho do Caipira", mais antigo.

Não cheguei a pensar nisso, aconteceu. Trenzinho... é uma música linda, pode ser ouvida por todas as crianças de todos os tempos. E tem uma coisa que muito inspirou o projeto Partimpim, sempre achei muita generosidade dos grandes compositores da música brasileira se dedicarem com toda inteireza a fazer coisas para crianças: Heitor Villa Lobos, Chico Buarque, Vini­­cius de Moraes. Quando eu era criança, ouvia a voz do Vinicius e via que era uma coisa diferente do que eu tinha nos meus disquinhos de crianças, era pancadão, poesia.

Quem são os cantores que a Par­­­timpim mais ouve?

Ela ouve de tudo, porque a coisa mais importante é se sentir maravilhado e impactado com a música. Se achar antes que a música não é boa, com ideias puristas de raiz e gênero, não se permite isso. Tem muitas canções descontextualizadas de repertórios adultos, mas o compositor que mais aparece na lista é o Arnaldo Antunes. Ele é muito Partimpim, tem uma identificação muito grande com o jeito dela de falar com pessoas pequenas ou grandes. Daria para fazer alguns volumes do Par­­timpim com o Arnaldo. Vou contar: a Partimpim pegou ontem o disco dele, o Ieieiê, e uma canção vai parar no show. Não vou dizer qual é.

Já tem planos para o show?Será no começo do ano que vem. Como eu não ia fazer disco este ano, consegui encerrar a turnê do Maré, mas talvez tenha compromissos na Europa, shows de voz e violão e com o Domenico Lan­­­celotti. Vou armar o show (da Par­­timpim) para que possa viajar o Brasil, o que o anterior não conseguiu, um pouquinho por inexperiência nesse circuito, que não existe muito, de shows para crianças. O que nos impediu também foi o tamanho do cenário, as caixas eram tão grandes que não cabiam no avião e, sem elas, não seria o mesmo show. A gente não contava com o sucesso, muitas cidades pediram. Pode ser que as cidades nem peçam agora (ri), mas nossa ideia é viajar.

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