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Cênicas

Z(elig), marca de peças introspectivas

Diretora Nina Rosa Sá lança primeiro trabalho de safra com nova assinatura no Festival de Teatro, Para Ler aos Trinta

Kelly (em primeiro plano) e Uyara: encantamento por personagem que usa as palavras como “máquina do tempo” para tentar corrigir erros do passado | Marja Calafange/Divulgação
Kelly (em primeiro plano) e Uyara: encantamento por personagem que usa as palavras como “máquina do tempo” para tentar corrigir erros do passado (Foto: Marja Calafange/Divulgação)

No novo horizonte da cena teatral brasileira, surgem novas configurações e ajuntamentos que não necessariamente representam grupos formalizados. É o caso do novo projeto da diretora curitibana Nina Rosa Sá: Z(elig), assinatura que pretende usar em suas próximas peças.

Durante os últimos anos, ela dirigiu espetáculos a convite de outros grupos, em experiências como Em Breve nos Cinemas e Tempestade Inabitada – ambos textos seus. "Agora estou achando melhor montar textos de outras pessoas, porque as possibilidades de encenação parecem infinitas", contou Nina à reportagem durante ensaio de sua próxima estreia, Para Ler aos Trinta. Em novembro de 2013, a peça ganhou uma leitura em São Paulo e agora terá montagem de cerca de 30 minutos dentro da mostra Coletivo de Pequenos Conteúdos.

A versão estreia no próximo Fringe, com apresentações dias 4 e 5 de abril. No elenco estão a atriz e vocalista da Banda Mais Bonita da Cidade, Uyara Torrente, e Kelly Eshima. O texto é da dramaturga Lígia Souza.

"É curto, conciso, mas diz muita coisa. Demora muito tempo para você desvendar quem é essa pessoa que fala", conta Nina sobre a protagonista, uma bailarina que escreve cartas para si mesma – só que no passado. "Ela diz que as palavras são uma máquina do tempo, e escreve na tentativa de mudar várias coisas que já aconteceram."

A peça é estruturada na forma de vários "ps" de cartas – uma forma fragmentada pela qual descobrimos, por exemplo, seu gosto pela música de Piaf e de Ella Fitzgerald.

Em meio às dicas deixadas pelo texto, pode-se supor que a personagem esteja com algum problema de saúde – o presente, porém, é de menor importância diante de sua obsessão com o passado.

"Piramos um pouco sobre física quântica e matemática abstrata para falar sobre o tempo. Ela diz, por exemplo, que ‘os acontecimentos estão sempre no passado e a percepção, no presente’. Isso permeia toda a peça – que precisava ser montada", empolga-se Nina.

Woody Allen

O nome do projeto vem do filme Zelig, de Woody Allen (1983), cujo protagonista, tal qual um camaleão, assume as características das pessoas com quem convive. A ideia surgiu em trabalhos de faculdade, ao lado do ator e músico Leo Fressato, em 2008 – e nunca saiu da cabeça de Nina. Isso porque ela diz sentir-se como o personagem do filme em relação aos artistas com quem tem trabalhado e ainda pretende trabalhar e de quem tira inspiração.

Entre os próximos projetos planejados por essa "mulher-grupo" está uma nova peça de Lígia, Persone, também sobre uma bailarina.

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