
Ao falar em STF, temos que citar as dúvidas sobre a imparcialidade dos juízes da Suprema Corte. As dúvidas, já em alta, aumentam com declarações certamente polêmicas. Uma delas veio de Luís Roberto Barroso, que acaba de deixar a presidência do Supremo. Barroso disse que votou pela prisão de Lula com "dor no coração".
“Vamos supor que eu tivesse votado no presidente Lula, vamos supor que eu gostasse do presidente Lula. Mas eu sou um juiz. Eu devo mudar a jurisprudência porque eu quero bem ao réu? Ou meu papel é aplicar a jurisprudência? E note-se bem que aquele era um momento em que não havia as suspeições que vieram depois a ser levantadas sobre a Lava Jato. E, portanto, eu apliquei, ao presidente Lula, com dor no coração, a jurisprudência que eu tinha ajudado a criar”
Luís Roberto Barroso, ministro do STF
Barroso deixa a presidência com seu direito de ir aos EUA revogado, com diversas declarações polêmicas e, claro, sob o peso da condenação de Bolsonaro. Com o "perdeu, mané", teria Barroso se curado da dor de condenar Lula? A depender da linha de interpretação, podemos entender Barroso como uma figura ativa ou como um juiz politizado. Junto com Gilmar Mendes, o ministro acumula a fama de vazar diversas questões do STF à imprensa (ou a parte dela). Enquanto Gilmar Mendes adianta decisões, Barroso leva aos jornalistas os bastidores, citando incômodos e tensões ali dentro. Se algum jornalista diz que conversou em off com ministros, e que ouviu sobre questões de bastidores, o nome de Barroso já vem como o possível interlocutor.
Site de escritório "Barci de Moraes" oculta protagonismo junto ao STF

Diante de sanções, possibilidade de impeachment e questionamentos da sociedade, muito do que ontem consideravam qualidade, hoje tratam como suspeito. No caso do escritório “Barci de Moraes” da esposa de Alexandre de Moraes, Viviane Barci, temos um exemplo claro dessa mudança de discurso.
Uma comparação no site do escritório de advocacia de Viviane Barci, esposa de Moraes, mostra que o escritório alterou o texto da página inicial no início do ano passado, suprimindo seu protagonismo de atuação no STF. O trecho que mencionava, por exemplo, que o escritório atuava "especialmente junto ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Ministério Público e Tribunais de Contas" passou a constar apenas "junto aos Tribunais Superiores, ao Ministério Público e Tribunais de Contas."
Após negar visita a mãe com câncer, Moraes autoriza réu do 8 de janeiro a ir a enterro

Daniel Soares do Nascimento, condenado a 16 anos de prisão por participação nos atos do 8 de Janeiro, sofreu a perda da mãe, vitimada por câncer. Daniel pediu para visitá-la antes que fosse tarde demais, mas Moraes negou. Infelizmente, aconteceu o pior. Agora, já com a mãe morta, Daniel conseguiu autorização para ir ao enterro.
O fato nos faz questionar sobre as relações entre técnica e humanidade nas decisões judiciais, especialmente em um Brasil onde muitos apontam como abusivas as decisões de Alexandre de Moraes. O 8 de janeiro certamente levou muita gente para a cadeia, e alguns ali morreram. Como recuperar a humanidade das decisões diante de um país onde a morte frequentemente ronda o cotidiano dos réus do 8 de janeiro?
Agora, com Barroso deixando a presidência, a situação piora ou melhora? Moraes agora está na vice-presidência, pronto para assumir assim que Fachin não puder fazê-lo.
Secretário de Trump diz que é preciso "consertar o Brasil"

Howard Lutnick deu uma declaração que certamente muitos da população endossam. O secretário de comércio dos EUA disse que é preciso "consertar o Brasil". Esse conserto, para Lutnick, passa por ajustes nas políticas comerciais do nosso país. Com essa fala, Lutnick revela as intenções por trás da tarifa aplicada contra o país. Revela também mais sobre o motivo que levou ao cancelamento de visto de Moraes, Barroso, Gonet e outros. Com isso, já há ferramental para uma negociação.
Mas será que essa negociação vem? No Planalto, há um caminho já sendo traçado. O primeiro passo seria uma reunião por telefone ou videoconferência. Só depois é que Lula tentaria conversar presencialmente com Trump, mas sob uma condição: que esta conversa não ocorra nem no Brasil, nem nos Estados Unidos.
Barroso, Viviane Barci e imparcialidade: veja os destaques do Café com a Gazeta do Povo desta segunda-feira (29)
- EDITORIAL: ANISTIA SOZINHA NÃO IRÁ PACIFICAR O PAÍS;
- MORAES LIBERA RÉU DO 8 DE JANEIRO PARA IR AO ENTERRO DA MÃE;
- BARROSO: VOTEI PELA PRISÃO DE LULA EM 2018 COM DOR NO CORAÇÃO;
- ESCRITÓRIO DE VIVIANE BARCI MUDA TEXTO DA HOMEPAGE DO SITE;
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