Ninguém achou que pararia em Moraes, nem mesmo o próprio. Donald Trump e os órgãos diplomáticos dos EUA deram um recado claro. Assim, tanto os outros ministros quanto os seus familiares estão preocupados e atentos. Agora, conforme os bastidores permitem saber, parece que Trump quer iniciar uma segunda fase da “operação magnitsky”. O foco, logo depois dos ministros, seriam os muitos escritórios de advocacia em posse dos seus familiares. Com efeito, o governo americano pretende gerar uma asfixia financeira naqueles que considera inimigos da América.
Com a Magnitsky e a revogação de vistos no arsenal cada vez mais apontado dos EUA ao Brasil, um novo nome surge no tabuleiro político: Bernardo Van Brussel Barroso. Ele é diretor do Banco BTG Pactual em Miami. O cargo dele, todavia, não é o que chama atenção aqui, mas o sobrenome. Bernardo é um dos filhos de Luis Roberto Barroso, presidente do STF, responsável pela frase "perdeu, mané, não amola", e por defesas ferrenhas da regulação das redes sociais. Bernardo sentiu o "efeito magnitsky" e o risco que correria ao voltar aos EUA, e decidiu ficar no Brasil
Alvo dos EUA, Moraes fala em "consciência jurídica nacional"
O ministro Alexandre de Moraes (ao menos em público) não parece incomodado com a Magnitsky. Mesmo com os EUA de olho em cada uma de suas declarações, Moraes insiste na tese de que o 8 de janeiro constituiu-se de uma tentativa de golpe de estado. Ao receber uma premiação, também defendeu mudanças no sistema judiciário.
Mas as mudanças podem ser bem diferentes das desejadas. Enquanto na Câmara a pauta do fim do foro privilegiado quase faz direita, centro e esquerda apertarem as mãos, no Ministério Público, até Paulo Gonet já caminha em sentido oposto. O Procurador-Geral da República fez algo quase nunca visto: contrariou o Supremo. Gonet pede que a corte reveja a interpretação expansiva dada ao foro privilegiado. Como são os próprios ministros que decidem quem tem ou não foro, utilizam da interpretação mais conveniente a eles da constituição. Em meio a tudo isso, lembremos, os EUA assistem atentos.
Câmara muda regras e pode dificultar trabalho da oposição
A justificativa: agilidade. Na prática, poderemos ver uma oposição desgastada, com mais dificuldade para obstruir os trabalhos, em protesto pelas pautas que julga necessárias (em especial a anistia). Enquanto a Magnitsky sufoca financeiramente Alexandre de Moraes, Hugo Motta tenta sufocar a oposição através de manobras e alterações regimentais. A nova versão do regimento interno cria uma série de entraves para as legítimas obstruções. Com as novas regras já em jogo, como farão os deputados?
Para entender a dificuldade, basta lembrar que foi necessária uma obstrução física no plenário para que se começasse a falar em PL da anistia na mesa diretora. Mesmo assim, o PL não foi pautado. Mas o que pode ser pautado, isso sim, são os pedidos de suspensão de mandato dos deputados que fizeram tal obstrução. Dentre os atingidos, apenas uma deputada de esquerda: Camila Jara (PT-MS). Ficaria feio a Motta se não o fizesse: Camila foi flagrada agredindo o Deputado Federal Nikolas Ferreira (PL-MG)
EUA e China prorrogam trégua tarifária
Enquanto Lula insiste que não tem nada a falar com os EUA, Haddad tenta, não consegue e culpa a "extrema-direita". Por outro lado, mesmo o maior rival dos EUA consegue dialogar, e a trégua tarifária ganhará mais 90 dias para negociação. Haddad não menciona a China, não fala em novas tentativas, mas se apressa em responsabilizar um lado do espectro político:
“A militância antidiplomática dessas forças de extrema direita que atuam junto à Casa Branca teve conhecimento da minha fala [...], agiu junto a alguns assessores e a reunião virtual que seria na quarta-feira foi desmarcada”
(Fernando Haddad, Ministro da Fazenda)
EUA miram familiares dos ministros do Supremo: veja os destaques do Café com a Gazeta do Povo desta terça-feira (12)
GONET COLIDE COM STF CONTRA FORO PRIVILEGIADO AMPLO;
EUA QUER APLICAR MAGNITSKY A FAMILIARES DE MINISTROS;
FILHO DE BARROSO DECIDE NÃO VOLTAR AOS ESTADOS UNIDOS;
MORAES: BRASIL TEM UMA “CONSCIÊNCIA JURÍDICA NACIONAL";
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