Após a repercussão do vídeo do influenciador Felca, que mostra um ambiente perigoso às crianças nas redes sociais, o governo encontrou o gancho perfeito para uma das pautas que anuncia desde a campanha: a regulação das redes sociais. O projeto teria como mote prevenir conteúdos nocivos, mas a oposição na Câmara aponta para o risco de censura de opiniões e manifestações legítimas. Com isso, a pauta está longe do consenso. O imbróglio não deve terminar com uma aprovação, a menos que um texto que agrade ambas as partes entre em jogo.
Agora, o cenário é delicado para a oposição: a pauta toca em um tema tabu. É claro que ninguém deseja ou trabalha para que crianças continuem sofrendo abuso nas redes sociais. A tarefa, agora, é desvencilhar o tabu da real pretensão da direita: manter a internet livre de possíveis entraves à liberdade de expressão. Se o convencimento popular já é difícil, o convencimento do centrão é ainda pior. O ideal seria uma estratégia com etapas delimitadas. Com isso, a oposição conseguiria separar o tema central do tabu, e assim isolar o debate em torno da regulação das redes. Seria o ideal, mas parece que não há tempo. Com o poder da pauta em mãos, Hugo Motta consegue exercer pressão sob os temas que julga convenientes.
Motta deverá pautar caos em agências reguladoras
Mas não é apenas em cima do discurso de censura que oposição e governo travarão batalha essa semana. Com uma máquina pública que atingiu R$32 bi em gastos, as agências não veem um ganho real em suas atividades. Sucateados e com a sombra da corrupção pairando, esses órgãos prometem ser a pauta não apenas nessa, mas nas semanas seguintes.
Mesmo fora do âmbito das agências reguladoras, o governo parece estar em apuros para manter tudo em ordem, mesmo com recorde de gastos. O pix, por exemplo, já demonstra estar mal das pernas. Criticado por Donald Trump, o sistema demanda recursos humanos e financeiros que hoje não possui. Com isso, a defesa dos servidores públicos é por algo que nunca agradou o governo ou a esquerda de um modo geral: mais autonomia ao Banco Central. Uma PEC que já tramita no congresso promete essa tal autonomia a mais. Com efeito, associações e servidores ganham um local para materializar sua demanda. Motta terá que conciliar as críticas com seu anseio por bom diálogo com Lula.
Oportunismo político contra Bolsonaro segue em pauta
Enquanto os bastidores mostravam um Bolsonaro incomodado com visitas oportunistas durante sua prisão domiciliar, Carlos resolveu trazer luz ao incômodo com tal oportunismo também em outras frentes. Um dia após Romeu Zema oficializar sua pré-candidatura ao planalto, Carlos Bolsonaro resolveu desabafar em seu perfil no X. Ele não economizou palavras:
- Tentei, até agora, ser a pessoa mais paciente possível diante desses chamados “governadores democráticos”. Mas os fatos, todos os dias, me provam que não há como levar nenhum desses sujeitos a sério.
Carlos Bolsonaro
- Enquanto Jair Bolsonaro está preso, doente e sendo lentamente assassinado a cada dia que passa, Clezão está morto, Silveira a beira do colapso, Filipe Martins torturado diariamente, milhares de presos políticos sangrando a alma na cadeia e os tais “direitistas” se calam. Não colocam, de forma espontânea, a destruição dos direitos humanos em pauta que transformam o Brasil numa Venezuela cristalinamente. Estão preocupados apenas com seus projetos pessoais e com o que o mercado manda.
Com Hugo Motta resistindo em pautar a anistia e Alcolumbre dizendo que jamais pautará o impeachment de Moraes, tais governadores ganham guarida. Eles veem longe um risco de finalmente precisarem se posicionar de maneira mais incisiva. Motta, aliás, nunca escondeu sua capacidade de articular com os governadores em prol de um tom ameno, que funcione como guarida à sua gestão na Câmara.
Trump mira em bancos que protegem Moraes
Além de Motta e Alcolumbre, os bancos também parecem proteger Alexandre de Moraes, ao não botar em vigor as medidas impostas pela Lei Magnitsky. Multas são pouco para tudo o que o governo americano pode fazer contra as instituições que mantiverem as contas do ministro. Mas há algo que tensiona ainda mais o cenário político-econômico: o sistema Swift dá sinais de que não pretende dar as mãos ao presidente dos EUA em sua batalha contra Moraes e o STF.
Com muito em jogo, o cenário parece caminhar cada vez mais à extensão da polarização para além do jogo eleitoral. O mundo pode se dividir, em uma nova guerra fria, onde o STF é peça central do posicionamento do Brasil, cada vez mais alinhado à China.
Motta pautará regulação de redes: veja os destaques do Café com a Gazeta do Povo desta segunda-feira (18)
EDITORIAL: ALERTAS DA DÍVIDA PÚBLICA FORA DE CONTROLE CONTINUAM;
HUGO MOTTA QUER PAUTAR "ADULTIZAÇÃO" AINDA ESSA SEMANA;
CAOS NAS AGÊNCIAS REGULADORAS SERÁ PAUTA NO CONGRESSO;
EM TOM DE DEBOCHE, LULA CONVIDA TRUMP PARA VIR AO BRASIL;
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