A certeza da impunidade traz a possibilidade de mais crimes. Mais do que isso: quando há suspeitas de afinidade ideológica com quem está no poder, quem comete o crime se sente a vontade para ousar ainda mais. Uma fraude recente prova isso: um software de Inteligência Artificial, que só deveria ser utilizado pelo governo, foi alugado criminosamente para grupos criminosos, incluindo o Primeiro Comando da Capital - o famoso PCC.
Com efeito, o discurso de que PT e PCC estão alinhados ganha força na opinião pública. A opinião pública, aliás, é a mesma que irá às urnas em 2026 para eleger seu novo representante. Apesar de boa parte dos eleitores da direita insistirem no "eu só voto no Bolsonaro", a mínima chance de vínculo entre governo e crime pode criar união e com isso, vitória. Essa vitória pode vir inclusive a nomes com quem o eleitorado conservador tem um pé atrás, como Tarcísio de Freitas.
Tarcísio se consolida como nome escolhido... pelo centrão
Tarcísio de Freitas sempre quis trazer a si a imagem de braço direito de Jair Bolsonaro. Ainda assim, o governador paulista desagrada a direita quando, em discursos e postagens, é pouco incisivo ao condenar as ações do Supremo Tribunal Federal. Mas o centrão não parece se incomodar. Com as eleições próximas, o PSD parece já colocar o nome de Tarcísio como um possível apoio rumo ao planalto.
Mas Tarcísio não esquece do aceno ao bolsonarismo: em jantar com Valdemar Costa Neto, disse que só sairia candidato à presidência se fosse pelo PL.
"Tarcísio já declarou. Eu tive um jantar com ele há um ano e meio atrás e ele falou: Se eu for candidato, eu vou para o PL. Logo depois, num recente jantar com governadores, ele falou na frente de cinco deles: Sou candidato a governador, mas se eu for candidato a presidente, eu vou para o PL"
Valdemar Costa Neto, Presidente Nacional do PL
O povo não escolhe seus candidatos. O povo vota nos candidatos pré-escolhidos por um sistema de poder que envolve afagos e rusgas, um sistema coordenado por presidentes de partido e líderes em diversas camadas. Na hora da urna, porém, esses líderes podem pagar o pato, caso tenham escolhido alguém que não represente a população que, de longe, observam. Tarcísio é o candidato que a direita espera, caso Bolsonaro não consiga se candidatar?
Gilmar Mendes nega ter conversado com Bolsonaro
Dentre as diversas revelações trazidas pelos vazamentos da PF do celular de Bolsonaro, uma chamou a atenção: o nome de Gilmar Mendes aparece dentre os que teriam mantido contato com o ex-presidente. Com isso, Gilmar é acusado de se infiltrar no poder conservador para tentar criar uma "direita permitida", algo que estivesse sob o domínio do Supremo. Gilmar, no entanto, nega. Nega, porém, sem deixar de observar a força do vazamento. Nega afirmando que, talvez, tenha atuado como interlocutor, como um intercessor por Bolsonaro na Suprema Corte.
Não é a primeira vez que Gilmar Mendes se envolve em polêmicas por associar política e justiça. Mas chama a atenção o fato de o ministro que há pouco se dizia admirador do regime chinês, ser flagrado tentando tratativas com o maior líder da direita brasileira. Valdemar Costa Neto explicaria bem, associando Bolsonaro a Che Guevara, o que certamente causa o mesmo incômodo que a esquerda sente ao associarem Lula ao PCC.
Valdemar Costa Neto associa Bolsonaro a Che Guevara e gera revolta
“É inacreditável a força de transferência do voto do Bolsonaro. O eleitor dele é fiel. E essas coisas [processos na Justiça] tão fazendo com que ele vire um Che Guevara. O Che Guevara tinha um carisma como o Bolsonaro. E ele é lembrado até hoje. Tanto que o Fidel não colocou ele pra fora de Cuba, não sossegou”
Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL
A fala de Valdemar repercutiu, e como previsto, negativamente. Repercutiu tão mal que o presidente do PL precisou vir a público dar explicações. Nelas, ele diz que jamais comparou os dois como pessoas, mas sim como potências de liderança. Talvez Valdemar tenha feito uma análise Weberiana em um local inapropriado, ao trazer de forma mal elaborada a figura do líder carismático. Qualquer explicação, porém, parece não bastar. Bastou, isso sim, colocar Che Guevara e Jair Bolsonaro em uma mesma frase para que diversos apoiadores, famosos e não-famosos, repudiassem a declaração.
André Mendonça é sorteado relator de fraude no INSS
Paulo Gonet não gostou de ver Toffoli reclamando pra si a relatoria da fraude no INSS. A tal distribuição por prevenção já tem incomodado Gonet há muito, ainda que sirva como um ferramental interessante para colocar nas mãos de Moraes tudo o que possua a palavra "democracia". Aqui, porém, não era o caso. Ao argumentar que possuía ações sobre INSS em sua mesa e puxar o caso das fraudes para si, Toffoli incomodou. Com isso, Barroso se viu obrigado a atender à PGR e sortear o processo. O resultado não foi nada favorável a Lula: o novo relator é justamente o último ministro nomeado por Bolsonaro, André Mendonça.
Com a ação em trâmite e nas mãos do indicado por Bolsonaro, há um alinhamento planetário inédito. No planeta chamado Congresso Nacional, a reviravolta foi muito parecida: tudo indicava para uma vitória da esquerda, mas a direita acabou levando a melhor. Presidente e Relator da oposição se juntam a Moraes no STF, e agora a fraude no INSS pode acabar mal para Lula nos dois poderes que não comanda (diretamente).
PCC, Lula e André Mendonça: veja os destaques do Café com a Gazeta do Povo desta terça-feira (26)
PCC USOU IA ESPIÃ DO GOVERNO PARA MONITORAR MORO E STF;
VALDEMAR ASSOCIA BOLSONARO A CHE GUEVARA E GERA REVOLTA;
MENDONÇA É SORTEADO RELATOR DE AÇÃO DA FRAUDE NO INSS;
PM FOI CONDENADO POR OMISSÃO NO 8/1 MESMO ESTANDO DE FÉRIAS;
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