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Fatos polêmicos mexem com a Bolsa mas têm efeito relativo no bolso do pequeno investidor é relativo.  (Foto: Bigstock)
Fatos polêmicos mexem com a Bolsa mas têm efeito relativo no bolso do pequeno investidor é relativo. (Foto: Bigstock)| Foto:

Era uma quinta-feira aparentemente tranquila, véspera de feriado. Investidores começavam o dia de olho nos resultados da pesquisa Ibope* divulgada na noite anterior – e que perderia validade menos de 24 horas depois…

A maior preocupação recaía sobre o crescimento marginal, de 9% para 12%, nas intenções de voto em Ciro Gomes (PDT) e a manutenção de Jair Bolsonaro (PSL) no patamar dos 20%, ainda com alta rejeição e perdendo para os principais candidatos em um segundo turno, exceto Fernando Haddad (PT), com quem empataria.

Tudo parecia relativamente pacato no mercado financeiro, com um noticiário fraco e sem muito ânimo dos investidores, até que o jogo virou. Ou ao menos pareceu virar.

O episódio da facada em Bolsonaro aconteceu perto das 16 horas. Dali em diante, todo mundo ficou grudado no noticiário televisivo e na internet, além dos mil grupos de WhatsApp, acompanhando de perto as informações sobre a saúde e o atentado contra o candidato líder das pesquisas.

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Naturalmente, pouco se sabia nos primeiros minutos, o que adicionava mais tempero ao já imprevisível cenário eleitoral. Mas as incertezas só serviram de combustível para a tropa do mercado entrar em campo.

Com pouco mais de uma hora restante para o pregão se encerrar, investidores foram às compras e levaram o Ibovespa a subir mais de mil pontos e a encerrar o dia 6 de setembro com alta de 1,76%, aos 76.416 pontos. No sentido contrário, o dólar terminou em queda de 1,4%, cotado a R$ 4,08.

E, afinal, o que tanto animou o mercado financeiro naquele trágico momento?

Podemos dizer que a visão de fortalecimento de Bolsonaro (ou de Paulo Guedes, para o mercado) nas pesquisas e a perspectiva de enfraquecimento da esquerda diante do evento e da identificação do agressor pautaram os investidores.

Da mesma forma como podemos aceitar que, pragmático, o mercado avaliou o cenário de curto prazo e ponderou que o potencial de alta era maior do que os riscos de baixa com a notícia.

Davi x Golias

Desde que a campanha eleitoral se intensificou, estamos todos agindo como baratas tontas tentando assimilar as novidades das pesquisas já quase diárias, as diferenças de metodologias, a migração de votos de Lula para Haddad e/ou outros candidatos, o efeito facada e outros eventos cotidianos, intensificados pelo clima de “Fla x Flu” que parece ter tomado o país.

A verdade, entretanto, é que, embora uma notícia como a terrível agressão a Jair Bolsonaro pareça determinante para o resultado eleitoral num primeiro momento, ainda tem muito chão pela frente.

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E nem é preciso ir longe para se dar conta disso. Basta lembrar da inesperada morte de Eduardo Campos em 13 de agosto de 2014. O drama impulsionou Marina Silva, sua então vice, nas pesquisas, mas a candidata sequer garantiu lugar no segundo turno, numa eleição menos disputada que a atual.

Por isso, neste 12 de setembro, a negativa de Lula como candidato do PT já parece estar ficando para trás, assim como, em breve, a prisão de Beto Richa (PSDB), a facada em Bolsonaro e outros acontecimentos devem ter menor peso na já curta memória do brasileiro.

E você vai se dar conta de como perdeu tempo (no caso, dinheiro mesmo) tentando antecipar o movimento do tal mercado financeiro, composto por grandes investidores/especuladores, os “tubarões” que terão sempre enorme vantagem sobre nós, reles “sardinhas”. Ou você acha que um João Silva tem maior chance de se dar bem que um Itaú, um Goldman Sachs ou um Morgan Stanley?

Por isso, se eu puder dar uma sugestão, simplifique.

Analise seus investimentos e veja se está confortável com o risco assumido. Ainda que o dólar, por exemplo, possa começar a cair, entenda de uma vez por todas que o ideal é ter sempre uma pequena parte, como 5%, do seu dinheiro aplicado na moeda. Assim como você vai sempre escutar que é inteligente dedicar outra parcela a aplicações de maior risco, na Bolsa.

Pelo seu bem e sua sanidade, pare de olhar o desempenho dos ativos diariamente. Confie mais, especule menos. Ou, pelo menos, tenha consciência do quanto está disposto a arriscar para ganhar (ou perder) com eventos de curtíssimo prazo. Porque amanhã tudo pode estar completamente diferente…

*Pesquisa realizada pelo Ibope de 1/set a 3/set/2018 com 2.002 entrevistados (Brasil). Contratada por: TV Globo e Jornal O Estado de São Paulo. Registro no TSE: BR-05003/2018. Margem de erro: 2 pontos percentuais. Confiança: 95%.

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