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Nelson Almeida/AFP
Nelson Almeida/AFP| Foto:

Finalmente o petismo tem um candidato para chamar de seu. De dentro do cárcere, Lula finalmente deu sinal verde para Fernando Haddad assumir seu lugar na chapa do partido ao Planalto ao lado de Manuela D’Ávila. O movimento, já esperado, sela o final do teatro montado pelo PT, que ensaiou o imponderável e vendeu o impossível.

A estratégia, entretanto, está de pé. O objetivo era ir mais longe, ultrapassar a barreira do dia 17 de setembro para manter Lula na urna eletrônica, o que teria potencial de causar enorme confusão no quadro eleitoral. De qualquer forma, o partido conseguiu manter sua imagem na mídia e a ideia de uma candidatura acesa, mesmo que mais uma vez acabe iluminada por um poste com a luz artificial de Lula.

Haddad, o mais tucano dos petistas, talvez coubesse melhor em uma chapa do PSDB, porém acomodado no partido vermelho tem potencial para gerar estragos em muitos daqueles que buscam a vaga remanescente para o segundo turno. Sem campanha, Haddad pontua no mesmo patamar de Geraldo Alckmin, Ciro Gomes e Marina Silva – adversários que há tempos trabalham por um lugar ao sol.

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Quando Haddad é apresentado como candidato de Lula nas pesquisas, começa a se descolar do pelotão intermediário, ocupando um segundo lugar isolado. Haddad desidrata Ciro e toma votos de Marina. Com o centro divido entre Alckmin, Alvaro Dias e Henrique Meirelles, a rota de crescimento petista segue livre e sem obstáculos.

A campanha de Haddad conta com Lula, mas possui outros trunfos, que aliados ao peso do cacique petista, mostram que o partido tem condições de chegar ao segundo turno e brigar pela vitória no embate final. O raciocínio começa pelo milionário fundo eleitoral do PT, de R$ 212 milhões. Aliado a isso, a força do partido no Nordeste. Todos os líderes nas pesquisas ao governo dos estados na região apoiam o candidato petista na eleição presidencial.

Por fim, vale lembrar a eficácia da máquina de comunicação do PT, abastecida de vídeos feitos por Lula antes de ser preso e que agora ganharão as redes sociais, sendo veiculados exaustivamente nos minutos de propaganda eleitoral que o partido tem no rádio e na televisão.

Em um país onde cerca de 20% do eleitorado se declara petista, somente aqueles que são ingênuos acreditam que o partido perdeu seu encanto. As eleições municipais de 2016, quando o petismo perdeu joias de sua coroa, ocorreu logo depois do impeachment de Dilma Rousseff e sofreu o rescaldo do desgaste imposto por ela ao partido.

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Neste ano a dinâmica é diferente. A eleição é nacional, conta com a figura de Lula e o sentimento de revanche ainda mobiliza muitos de seus militantes. Desprezar o potencial do PT é estar descolado da realidade política brasileira.

Além disso, esta eleição faz parte de uma estratégia maior. Se Haddad for eleito, terá o poder de conceder graça ao ex-presidente Lula, o chamado perdão, tirando-o da prisão. Em Curitiba, de dentro de sua cela, Lula conta com isso para ganhar as ruas e voltar a dar as cartas na política.

Líderes petistas já disseram que Lula será solto e co-governará com Haddad, saindo de Curitiba diretamente para Brasília. Neste tabuleiro está a chance de Lula se livrar da cadeia. A eleição de Haddad serviria como uma espécie de “perdão popular” ao cacique encarcerado em Curitiba. Seu pupilo, já eleito e empossado, somente faria a vontade do povo.

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Portanto, é bom deixar claro: O PT tem chances reais de chegar ao segundo turno e inclusive vencer as eleições, dependendo do cenário. Haddad, a partir de agora, passa a ser a esperança de Lula sair da cadeia. Para isso, o partido conta com recursos, militância, apoios políticos, comunicação eficaz e agora possui um candidato com voz para representar Lula.

Ao lado de Manuela, formando uma chapa jovem, Haddad tem plenas condições de virar o jogo e chegar ao segundo turno. Repito, somente os ingênuos duvidam disso.

 

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