• Carregando...
O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin e o presidente Michel Temer: tucano é candidato a suceder o emedebista. Foto: Nelson Almeida/AFP
O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin e o presidente Michel Temer: tucano é candidato a suceder o emedebista. Foto: Nelson Almeida/AFP| Foto:

A impopularidade do presidente Michel Temer inviabilizou aquele que seria o seu principal projeto, a reeleição para o Planalto. Ciente de que necessita de um aliado em seu atual gabinete a partir do ano que vem, começou a traçar estratégias que podem assegurar a construção de um mecanismo que preserve a classe política do ímpeto de renovação do eleitor.

Henrique Meirelles despontou como o candidato do MDB, mas está longe de ser o candidato de Temer. Custeando a campanha com recursos próprios, o ex-ministro da Fazenda acredita que em algum momento irá decolar. A tarefa é impossível por um fato simples. Seus feitos na economia não geraram efeitos reais na vida da população. Além disso, o pouco que conseguiu recuperar começou a ruir com a sua saída da pasta.

O sonho do presidente seria resgatar a economia e ser reconduzido; e de Meirelles se tornar uma espécie de Fernando Henrique de Temer. Diante das denúncias apresentas pela Procuradoria-Geral da República, o fôlego do Planalto acabou, usando seu capital político apenas para sobreviver. Sepultando as reformas, Temer apenas começou a contar os dias até o término de seu mandato.

A busca por um candidato do governo que não representasse diretamente o governo começou há tempos, mas consolidou-se na última semana. Ao ajudar a celebrar o casamento do Centrão com os tucanos, Michel Temer inseriu a assinatura de seu governo na chapa de Geraldo Alckmin. Carregando a base fisiológica do presidente em sua candidatura, o tucano, se eleito, prepara-se para entregar mais do mesmo.

A estratégia remonta as últimas eleições francesas, onde o ex-presidente François Hollande, dono de uma popularidade de apenas 4%, conseguiu fazer seu sucessor, seu ex-ministro da Economia, Emmanuel Macron. O candidato do partido de Hollande, Benoît Hamon, lançado para perder, obteve apenas 6% dos votos. Macron, ofertado como um centrista independente e apoiado veladamente pelo Élysée, tornou-se a ponte segura por onde atravessou a classe política tradicional francesa, desgastada perante a população.

O caminho traçado pelo Planalto é muito similar. A aposta em Geraldo Alckmin é uma forma do establishment político salvar sua pele. Mas para a candidatura do tucano vingar, Meirelles precisa permanecer na disputa, atraindo para si a impopularidade de Temer. Se o candidato do MDB deixar a disputa, Alckmin absorve a rejeição e seu projeto presidencial pode desmoronar.

Fato é que a classe política, com medo do sentimento de renovação provocado pelas investigações da Lava Jato, busca se blindar. Já mudou as regras eleitorais e agora manobra nos bastidores para viabilizar sua sobrevivência nas urnas. Se a estratégia irá funcionar, ainda não está claro, mas não existe maior medo nos gabinetes de Brasília do que o poder sendo ocupado por outsider. Façam suas apostas.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]