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José Cruz/Agência Brasil e Antônio More/Gazeta do Povo
José Cruz/Agência Brasil e Antônio More/Gazeta do Povo| Foto:

Uma ressalva merece ser feita por este escriba: a minha aposta na tese de que a capa do vitimismo cairia sobre Jair Bolsonaro após o atentado sofrido por ele em Juiz de Fora, blindando-o assim de ataques dos seus adversários, se mostrou precipitada. Ou, por outra, o episódio não se refletiu nas pesquisas com a mesma força que imaginei. Muito pelo contrário, o candidato do PSL apenas oscilou dentro da margem de erro nas intenções de voto e ainda manteve a liderança isolada no quesito rejeição.

Diante deste cenário, não fica difícil determinar quem de fato encontrou motivos para esfregar as mãos após os resultados das últimas consultas populares mais relevantes, além dos seguidores do “mito” cegos pelo messianismo: o Partido dos Trabalhadores.

Embora seja possível encontrar opiniões de todos os tipos, incluindo malabarismos retóricos na tentativa de mascarar a realidade, poucas certezas são tão incontestáveis quanto o fato de que a candidatura de Jair Bolsonaro representa o melhor atalho possível para o retorno da esquerda ao poder.

Após tantos anos de hegemonia, os inúmeros escândalos de corrupção e um governo irresponsável na economia como foi o de Dilma Rousseff, é sintomático que uma candidatura não seja capaz de apresentar credenciais para derrotar o petismo. Pois Bolsonaro conseguiu.

Verdade seja dita, tal feito não se deu por acaso. Há anos que o hoje enfermo candidato destila provincianismo, ódio e preconceito. Já defendeu fuzilamentos, golpes e todo tipo de posturas incompatíveis com uma sociedade que se quer avançada. E não só isso. Para aqueles exclusivamente preocupados com a prosperidade econômica, também defendeu agendas contrárias aos interesses do Brasil. Basta ver a sua postura como deputado, caminhando lado a lado com a própria esquerda e o PT em inúmeras ocasiões, culminando com o apoio declarado a Ciro Gomes e depois à eleição de Lula.

Então, uma vez candidato à Presidência com o auxílio velado de páginas na internet e grupos acima de tudo movidos pela queda de braço ideológica, Bolsonaro apenas conseguiu que a repulsa da sociedade se cristalizasse. As barbaridades defendidas por ele ainda como político obscuro passaram a ganhar importância. A atuação de seus filhos e de uma militância tão agressiva e inescrupulosa quanto a da esquerda radical completaram o quadro.

Falta menos de um mês para a eleição e o cenário converge para o impensável: a esquerda, possivelmente o PT, conseguiu encontrar um rival à altura no quesito beligerância, porém incapaz de derrotá-la em jogo na qual é mestre. E, acima de tudo, talhado para fazer voltar a florescer os estereótipos que outrora a fizerem alcançar o sucesso.

Uma imagem que já vinha cambaleante, e que teve Dilma como pá de cal, só poderia ressuscitar caso encontrasse uma força contrária de mesmo peso, obtusidade e beligerância.

Pelo visto, encontrou.

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