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“[…] Além de tratar-se de cláusula pétrea da Constituição, não fez parte de minha campanha. Assunto encerrado antes que tornem isso um dos escarcéus propositais diários”, declarou Jair Bolsonaro ontem, via postagem no Twitter. O presidente eleito se referia à pena de morte; tem todas as condições para confirmar ou negar agendas que possam vir a ter espaço no seu governo, mas o final do comentário careceu de uma informação preciosa: se alguém provocou um escarcéu proposital foi o seu filho, o deputado federal, reeleito pelo PSL, Eduardo Bolsonaro.

Acontece que, em entrevista concedida ao jornal O Globo, Eduardo defendeu um plebiscito ou referendo para consultar a população sobre uma mudança constitucional que aprove a pena de morte para crimes hediondos, incluíndo aí o tráfico de drogas.

Não foi a primeira vez que o pai teve de desautorizar o filho publicamente. “Eu já adverti o garoto”, chegou a dizer, ainda durante a campanha, após o rebento ter afirmado que bastaria um soldado ou um cabo para fechar o Supremo Tribunal Federal.

Eduardo, não custa lembrar, foi o mesmo que saiu de uma reunião com congressistas americanos, líderes conservadores e integrantes do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca usando um boné em que se lia “Trump 2020”.

Contudo, a produção de saias justas e declarações insensatas não contam apenas com o voluntarismo do dito ’03’. Seu irmão, Carlos, o do meio, se mostra hábil na arte de suscitar polêmicas, insinuações graves como a de que a morte de seu pai interessa “aos que estão muito perto” e, claro, em atacar e ameaçar a imprensa.

Para a infelicidade de Jair Bolsonaro, entretanto, nenhum despautério engendrado por Eduardo e Carlos se compara ao escândalo — sim, é esse o termo que a situação impõe — envolvendo seu primogênito, o senador eleito Flávio Bolsonaro: as crescentes suspeitas de que funcionários fantasmas e/ou “laranjas” lotados em seu gabinete, na ALERJ, repassavam valores equivalentes a 99% do salário. Sendo que parte desses desvios foram cair justo na conta da futura primeira-dama (envolvendo de maneira inequívoca o próprio “mito”).

Como se vê, não adianta atacar a imprensa. Tampouco o espantalho preferido está disponível, falo aqui do petismo, para conduzir a massa ao voo cego típico dos fanáticos. Ainda hoje ele acontece, sem dúvida, porém está mais ligado ao rescaldo da eleição.

A fartura de desafios pela frente — históricos e herdados da Era Rousseff, somada ao desserviço prestado por Rodrigo Janot quando esteve à frente da PGR — sugere que o próximo governo não se preocupe em fabricar adversários.

Mesmo porque, em seu seio já há suficientes.

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