O politicamente correto não está exatamente em alta nesses dias, sei bem, mas, com o perdão do palavreado, que zona.
Principalmente para quem acompanhou a última eleição alheio à febre eleitoral, a vitória de Jair Bolsonaro descortinou uma certeza inescapável: o PT faria uma oposição firme, daquelas intransigentes, típicas de quando o partido ainda lutava para assumir o poder, chegando até mesmo a negar a Constituição.
Pois, nesse início de ano, o PT e a esquerda como um todo ainda não confirmaram essa expectativa. Muito pelo contrário, noves fora a lenta morte política do ex-candidato à Presidência Fernando Haddad, cada vez menos cuidadoso em seus pitacos nas redes sociais, ainda tivemos a inexplicável ida de Gleisi Hoffmann a Caracas para prestigiar a continuidade da ditadura chavista imposta por Nicolás Maduro. Um reconhecimento que, diga-se, foi negado pela quase totalidade do mundo civilizado. Sem falar que o partido decidiu boicotar a cerimônia brasileira.
Contudo, a oposição não precisa se preocupar: o governo Bolsonaro mal completou duas semanas de vida e já não fica um dia sequer sem demonstrar a sua falta de afinidade com ritos, decoros e traquejos necessários para comandar o país. Na verdade, dá a impressão de estar perdido. É incapaz de passar horas que sejam sem patinar na própria arrogância e afã de aparelhar o Estado com apaniguados. Trocando em miúdos, uma autêntica ode ao jeito petista de governar.
Enquanto batuco essas letras, o vexame do momento diz respeito ao episódio mal-contado da exoneração de Alecxandro Carreiro, o “Alex”, do cargo de presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex).
Você, que me lê, a essa altura está careca de saber sobre os meandros do referido quiprocó, e portanto serei sucinto: a Apex está sob o guarda-chuva do Ministério das Relações Exteriores; o ministro Ernesto Araújo publicou um tuíte anunciado que o próprio Alex teria pedido o desligamento; Alex decidiu peitar o chanceler ao afirmar que apenas o presidente teria autonomia para demiti-lo e resolveu comparecer à Agência para despachar normalmente.
Acrescente-se que Carreiro foi presidente do Patriotas, primeira legenda a se oferecer para que Bolsonaro disputasse a Presidência. E também a figura de Letícia Catelani, empresária que chegou a ser expulsa do PSL, mas foi uma das indicações de Araújo para os quadros da Apex, além de pessoas próximas ao bolsonarismo.
Não vejo o episódio envolvendo o ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz, com peso capaz de derrubar um governo recém-eleito e com forte apoio popular. Tampouco as declarações surreais da ministra Damares Alves, que agora deu para desafiar a ciência, ou afigura do chanceler Ernesto Araújo, de longe a mais perigosa do governo, são relevantes a esse ponto.
Entretanto, essa sequência de episódios, além de contradições alimentadas pelo próprio presidente e seus filhos, encerram um quadro perigoso.
Bom seria se o presidente tivesse coragem e discernimento suficientes para se livrar de pesos que tendem a atrapalhar cada vez mais o país e o seu governo. Que, enfim, assumisse uma postura de capitão e organizasse a bagunça inédita que o seu governo demonstra ser logo de cara.
Ou não serão a esquerda e a imprensa “conspiradora” as responsáveis pela sua derrocada, mas única e exclusivamente a sua incompetência.
Acordo sobre emendas não encerra tensão entre governo, Congresso e STF
Mensagens inéditas revelariam mentira de TSE em processo sobre Homero Marchese
Petição para impeachment de Moraes bate 1 milhão de assinaturas; acompanhe o Sem Rodeios
PL nacional quer anular convenções em que o partido se coligou ao PT no Paraná
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF
Deixe sua opinião