foto da pirâmide Solar da Caxima, símbolo da eficiência energética de Curitiba
Curitiba transformou antigo aterro sanitário na Caximba em sua Pirâmide Solar — que gera energia limpa para diversos prédios públicos.| Foto: José Fernando Ogura/SMCS
  • Por A.Yoshii e Elo apresentam Curitiba 331 Anos
  • 26/03/2024 18:30

Curitiba comemora 331 anos em 2024. Para celebrar, Gazeta do Povo, A.Yoshii e Elo Empresas apresentam uma série de conteúdos que destacam por que a capital paranaense é a cidade mais inteligente do mundo. Saiba como Curitiba se prepara para um futuro sustentável com eficiência energética.

Na sua casa tem aquela pessoa que briga quando vê uma luz acesa sem necessidade? Aí, ela ordena aos berros: "apaga essa luz que eu não sou sócio da Copel". Essa experiência é quase universal para os brasileiros, mudando apenas a concessionária de energia elétrica da região.

Desde sempre, as pessoas sabem que economizar energia é bom para o bolso. Mas nesses últimos anos elas também descobriram que isso também é importante para o planeta.

Uma grande parte da energia utilizada pela humanidade em suas atividades cotidianas — mobilidade, fabricação de bens, geração de alimentos e muitas outras — vem de fontes não-renováveis, como o petróleo ou o carvão. A constante extração dessas matérias-primas e sua queima, que joga toneladas de gases poluentes na atmosfera todos os dias, colocaram a Terra em um perigoso caminho sem volta.

De acordo com dados divulgados pela Organização das Nações Unidas (ONU), a concentração de gases do efeito estufa na atmosfera é a maior em 2 milhões de anos. Enquanto isso, a Terra não para de ficar mais quente: a última década teve a maior temperatura média da história, 1,1ºC acima dos níveis pré-industriais (ou seja, anteriores à Revolução Industrial, no século XIX).

O Acordo de Paris, que tenta diminuir as consequências das mudanças climáticas, quer limitar o aquecimento da Terra a 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais. Mas se o mundo continuar como está hoje, as temperaturas devem aumentar em 3,2ºC.

Nós não precisamos acreditar na ONU para reconhecer os impactos das mudanças climáticas: basta observar as ondas de calor que estão atingindo a capital mais fria do Brasil, secas onde antes não faltava chuva e outros eventos completamente fora do normal. E mesmo que você não acredite nessas evidências, a eficiência energética continua sendo necessária — afinal, os combustíveis fósseis um dia irão acabar. 

Depois de desenhar esse cenário catastrófico, nós também temos boas notícias: Curitiba já está se transformando para enfrentar esse cenário, seja aproveitando melhor sua energia ou apostando em fontes menos prejudiciais ao planeta.

Para informações mais completas sobre o Balanço Energético Nacional, clique aqui para acessar o Relatório Síntese 2023 produzido pelo Ministério de Minas e Energia (MME) e pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

Série de Conteúdos 331 Anos: entenda por que Curitiba é a cidade mais inteligente do mundo.

Mais do que economia, a palavra de ordem é eficiência

Quando nossos pais, mães ou avós nos pedem para apagar as luzes, eles estão pensando em economizar energia. Isso já ajuda bastante: se nós gastamos menos energia, menos energia precisa ser gerada e menos gases do efeito estufa são liberados na atmosfera.

Nesse momento, você talvez se lembre de que a maior parte da eletricidade no Brasil vem de usinas hidrelétricas, que usam a força das águas. Pois saiba que esta fonte, que já respondeu por mais de 90% da energia elétrica consumida no País, tem cada vez mais dividido sua participação no nosso dia a dia, dando espaço para alternativas como a força dos ventos, a biomassa e a energia do sol.

Entretanto, por mais que uma energia seja renovável, nós não devemos gastá-la à vontade. Mesmo o Brasil tendo uma matriz com alto percentual de produção de energia renovável e com índice de emissões muito abaixo do registrado em países da Europa, China e EUA, o combate ao desperdício e o uso eficiente em todos os setores da economia são alguns dos pilares do desenvolvimento sustentável. A grande questão é que precisamos continuar vivendo, trabalhando, produzindo, e é com isso que chegamos ao conceito de eficiência energética e como ele é aplicado em Curitiba.

Veja bem: eficiência é diferente de economia, tanto no dicionário, como na prática. A eficiência energética nos estimula a gastar menos energia, mas otimizando o uso que fazemos dela para manter os resultados. Além disso, inclui a ideia de gerar as mesmas quantidades de energia utilizando menos recursos naturais. Curitiba tem bons exemplos nos dois aspectos.

Imagem dos painéis solares que ficam no teto da Prefeitura de Curitiba.
Curitiba gera energia solar até na sede da Prefeitura, que é coberta por painéis fotovoltaicos.| Foto: Pedro Ribas/SMCS

Iluminação pública eficiente

Em 2019, a Prefeitura de Curitiba começou a modernizar toda a infraestrutura de iluminação pública, trocando as lâmpadas tradicionais, de vapor de sódio, por LEDs. Elas trazem uma economia de 40% na conta de luz, além de durarem mais — são 50 mil horas, o equivalente a 6 anos de funcionamento, contra 20 mil horas. Elas também não emitem calor ou raios UV.

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A cidade possui cerca de 160 mil pontos de luz e mais da metade deles já foram trocados por LEDs. O projeto será finalizado com auxílio de uma parceria público-privada (PPP), que inclui também outros projetos de modernização da infraestrutura. Assim, Curitiba seguirá iluminada, mas com menos impactos para o planeta.

Curitiba com mais energia solar

Em 2020, a Prefeitura lançou o programa Curitiba Mais Energia — nome que parece sugerir o contrário do objetivo de eficiência energética. O "pulo do gato" está na origem dessa energia, que vem do sol, outra fonte renovável.

O programa já possibilitou a instalação de painéis fotovoltaicos no Palácio 29 de Março, sede da Prefeitura, na Galeria das Quatro Estações do Jardim Botânico e nos terminais do Pinheirinho, Boqueirão e Santa Cândida, entre outros prédios públicos. Além disso, o programa viabilizou a instalação de painéis em 78 casas populares.

Além dos benefícios para o planeta, isso também gera economia para os contribuintes, já que diminui os valores da conta de luz da Prefeitura.

Pirâmide Solar: a principal obra de eficiência energética curitibana

No seu aniversário de 330 anos, em 2023, Curitiba inaugurou aquela que provavelmente é sua maior obra de eficiência energética: a Pirâmide Solar. Localizada no antigo aterro sanitário da Caximba, desativada em 2010, ela cobre toda a área com 8,6 mil painéis fotovoltaicos.

O projeto contou com apoio internacional para ser construído pelo programa C40 Cities Climate Leadership Group.

Nos primeiros seis meses de sua operação, a Pirâmide Solar gerou um total de 2.048,9 MWh, que foram distribuídos para 269 prédios públicos de Curitiba. Essa energia seria o suficiente para abastecer duas mil casas por 6 meses e gerou uma economia de R$ 1,17 milhão para os cofres do município. Segundo a Prefeitura, esses recursos foram usados em outras áreas.

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A economia nas contas é fruto do sistema de compensação de energia: o que é gerado pela Pirâmide Solar é injetado na rede de distribuição da companhia, que abate os valores correspondentes das contas da Prefeitura. Estima-se que, mensalmente, o município consiga uma economia de até 30% com essa iniciativa.

Companhia paranaense de eficiência energética

Copel é uma abreviação para Companhia Paranaense de Energia — mas, ao que tudo indica, a companhia poderia adicionar mais um "e" ao seu nome. "E" de eficiência. Afinal, são várias as iniciativas nesse sentido, começando pela parceria com a Prefeitura de Curitiba.

Para Marcelo Gonçalves Santos, gerente de Gestão da Inovação e coordenador do Programa de Eficiência Energética da Copel, Curitiba sempre ocupou uma posição de vanguarda no que diz respeito à sustentabilidade urbana. "Agora, fazer com que essa cultura não se perca e que esteja acessível a todos os segmentos da sociedade exige um trabalho contínuo", pondera o executivo. Por isso, a eficiência energética é prioridade nos projetos da companhia.

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Além das afirmações dos executivos, essa intenção se mostra em projetos como a microrrede de energia do Parque Barigui, uma parceria com a Universidade Federal do Paraná (UFPR) e a Prefeitura de Curitiba. Segundo a Copel, a microrrede tem testado o funcionamento de gerações próprias de energia elétrica — tanto para uma gestão mais eficiente, como também para manter o abastecimento em momentos de indisponibilidade. Esse modelo é considerado um elemento-chave no futuro da distribuição de energia.

Outro projeto que merece destaque é a educação dos pequenos consumidores de energia: a Copel dissemina conteúdos sobre eficiência energética focados em crianças de 7 a 10 anos. São palestras, peças de teatro e conteúdos digitais — que incluem um jogo para smartphone, chamado Click Esperto. A companhia afirma que 10 mil alunos e professores participaram de suas ações educativas em Curitiba, em 2023. Porém, as ações mais importantes da Copel nesse sentido estão abrigadas em seu Programa de Eficiência Energética — um nome bastante adequado, não é mesmo?

Placas solares no teto do estacionamento do Hospital Erasto Gaertner
Programa da Copel instala painéis fotovoltaicos e aposenta equipamentos antigos em diversas instituições, como o Hospital Erasto Gaertner.| Foto: Marcelo Andrade

O Programa de Eficiência Energética

O coordenador Marcelo Gonçalves Santos nos conta que o Programa de Eficiência Energética incentiva a substituição de equipamentos elétricos antigos por outros mais eficientes, além de auxiliar na instalação de geradores próprios, com foco na energia solar. Sim, é algo parecido com que a Prefeitura fez na Pirâmide Solar, mas de acordo com as possibilidades da sua casa.

Em 20 anos de atividade do Programa de Eficiência Energética, a Copel já investiu mais de R$ 530 milhões para executar projetos em mais de 300 municípios paranaenses. E novos editais são publicados anualmente, abertos a diferentes classes de consumo..

Aqui em Curitiba, o coordenador do programa destaca a modernização dos hospitais Erasto Gaertner e São Vicente e do campus politécnico da UFPR — que já economizam na conta de luz e geram menos gases de efeito estufa, com o auxílio da Copel.

No Erasto, por exemplo, ocorreu a instalação de placas fotovoltaicas nos telhados, a troca das lâmpadas e condicionadores de ar. A economia é estimada em 43%, reduzindo a emissão de gás carbônico em 147 toneladas por ano.

Em 2023, a Copel também firmou uma parceria importante com a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Nesse caso, o projeto contempla 504 painéis fotovoltaicos nos telhados da sede Neoville, que podem proporcionar uma economia de 50% na conta de luz.

Além disso, o projeto incluiu a substituição de mais de 23 mil lâmpadas nas dependências da universidade por LEDs. De acordo com a Copel, isso possibilitará uma economia equivalente ao consumo de energia de quase 500 famílias.

Se há uma coisa que esses projetos da Copel ou da Prefeitura de Curitiba nos ensinam é que a eficiência energética é fruto de colaboração. Poder público, empresas privadas ou de capital misto, e nós, consumidores — cada um fazendo sua parte para otimizar nossa geração e consumo de energia. Curitiba já está fazendo a parte dela e torcemos para que os curitibanos façam a deles.

Se você quer aprender como fazer isso, a Copel compartilha diversos conteúdos sobre eficiência energética em seus canais de comunicação.

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