Falar abertamente, propor ideias, admitir erros, ser quem se é — tudo isso parece simples, mas ainda é privilégio em muitas organizações. A psicóloga Patrícia Ansarah, CEO do Instituto Internacional de Segurança Psicológica (IISP), defende que criar um ambiente onde isso seja possível não é apenas uma questão de bem-estar, mas uma estratégia clara para impulsionar resultados.
“Ambientes psicologicamente seguros são aqueles em que as pessoas se sentem à vontade para falar a verdade, expressar dúvidas, propor ideias e ser quem são, sem medo de retaliação ou julgamento”, explica. Ela enfatiza que não se trata de “ser bonzinho”, mas de estabelecer uma cultura em que o risco interpessoal seja minimizado, a confiança seja cultivada e o aprendizado coletivo seja contínuo.
Alta performance
Patrícia aponta que a segurança psicológica está diretamente ligada à alta performance. Quando as pessoas acreditam que podem se expressar livremente e que toda contribuição é valorizada, o time aprende mais rápido, arrisca mais e entrega melhores resultados. A criatividade aparece, a inovação ganha espaço e a colaboração se fortalece.
Mas o contrário também é verdadeiro e tem sinais claros. O mais evidente, segundo a especialista, é o silêncio. “Quando ideias não são ditas, erros são encobertos e reuniões se tornam monólogos, é sinal de alerta. Ambientes inseguros produzem o ‘faz de conta’: pessoas que fingem concordar, evitam desacordos e deixam de contribuir porque sentem que sua voz não tem valor”.
Liderança é termômetro
O papel da liderança é decisivo nesse cenário. Para Patrícia, a liderança é o principal termômetro da segurança psicológica. Líderes que escutam com presença, valorizam a diversidade de pensamento e não punem o erro criam ambientes onde o time se sente à vontade para se arriscar. Ela reforça que esse comportamento exige coragem, humildade, curiosidade e, principalmente, intenção de aprender junto com a equipe.

Diante da pressão constante por metas e resultados, Patrícia acredita que a segurança psicológica se torna ainda mais relevante. O cuidado genuíno com as pessoas não é o oposto da performance. É o caminho mais sustentável para atingi-la. “Relações respeitosas energizam, motivam e criam um clima contínuo de aprendizado. Segurança psicológica não é luxo. É estratégia”, pontua.
XVIII CONPARH
Essa reflexão será aprofundada por Patrícia no XVIII CONPARH - Congresso Paranaense de Recursos Humanos, que traz como um dos temas a importância de ambientes psicologicamente seguros como catalisadores de desempenho. A proposta é estimular líderes e profissionais a repensarem práticas de gestão à luz das relações humanas e da construção de ambientes onde a confiança seja a base para resultados consistentes e sustentáveis.
Mais informações: https://conparh.com.br/

