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Felicidade, escolhas e propósito moldam o bem-estar nas organizações

Pesquisas e a ciência defendem que o bem-estar é uma construção diária que começa nas escolhas individuais e impacta diretamente os ambientes coletivos

Henrique Bueno participou de um evento da ABRH-PR em Curitiba em que aborda a felicidade no ambiente profissional.
Henrique Bueno participou de um evento da ABRH-PR em Curitiba em que aborda a felicidade no ambiente profissional. (Foto: Leandro Provenci)

ABRH-PR - Associação Brasileira de Recursos Humanos

07/07/2025 às 00:01

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O que faz uma vida valer a pena?


Essa pergunta, tão antiga quanto essencial, tem ganhado espaço no mundo corporativo de forma cada vez mais estruturada. A felicidade, antes vista como algo subjetivo e até mesmo fora do escopo das empresas, hoje ocupa papel central nas estratégias de gestão de pessoas. E mais: pode ser aprendida, desenvolvida e medida.

É o que afirma Henrique Bueno, mestre em Psicologia Positiva pela University of East London, CEO global do Wholebeing Institute e professor do primeiro mestrado em Estudos da Felicidade. Com base em dados, ciência e experiências pessoais, ele defende que o bem-estar é uma construção diária que começa nas escolhas individuais e impacta diretamente os ambientes coletivos.

Felicidade de verdade

Para desmistificar o conceito, Henrique se apoia em uma definição consagrada pela pesquisadora Sonja Lyubomirsky, da Universidade de Berkeley: “Felicidade é a experiência de alegria, contentamento — em outras palavras, de emoções positivas —, combinada com a percepção de que a vida é boa, faz sentido e tem propósito”.

Nesse sentido, felicidade vai além do prazer momentâneo ou da ausência de problemas. Ela envolve tanto aspectos emocionais quanto cognitivos: sentir-se bem e perceber significado na própria existência. “Uma pessoa em luto, por exemplo, pode não ter prazer naquele momento, mas ainda assim se sentir feliz por ter vivido uma história de amor e afeto com quem partiu”, explica. E é categórico ao afirmar: “Felicidade não é um destino, mas uma habilidade. Ela pode – e deve – ser aprendida”.

Escolhas cotidianas

Grande parte do nosso bem-estar, segundo ele, está nas microescolhas do dia a dia. “O que eu escolho fazer na hora do almoço afeta meu humor na parte da tarde. A forma como chego em casa e me comunico com minha família muda a qualidade dos meus relacionamentos”, exemplifica.

Embora fatores genéticos e circunstanciais também tenham peso, estudos indicam que cerca de 40% do nosso nível de felicidade depende diretamente das escolhas que fazemos. Ainda assim, temos dificuldade em perceber os efeitos dessas ações. “Nosso cérebro não lida bem com causas e efeitos que se manifestam no longo prazo. Isso nos faz subestimar o impacto dos nossos próprios comportamentos”, explica.

Além disso, há um fenômeno chamado “baseline da felicidade”: uma linha base de bem-estar à qual tendemos a retornar, mesmo após eventos muito positivos ou negativos. “Ganhou um aumento? Ótimo. Mas a euforia dura pouco, e logo voltamos ao nosso padrão emocional”, diz.

“Quando um colaborador volta para casa 
emocionalmente esgotado, ele não consegue estar presente para os filhos, para a família. Isso gera um ciclo de esgotamento que ultrapassa os muros da empresa”
“Quando um colaborador volta para casa emocionalmente esgotado, ele não consegue estar presente para os filhos, para a família. Isso gera um ciclo de esgotamento que ultrapassa os muros da empresa” (Foto: Foto: Leandro Provenci)

Foco e gratidão

Outro ponto-chave abordado por ele é a importância do foco e da gratidão. O cérebro humano consome entre 20% e 25% da energia corporal e, para funcionar de forma eficiente, precisa filtrar informações. O que define esse filtro? A pergunta que fazemos a nós mesmos.

“Se você acorda e pensa ‘por que meu dia vai ser horrível?’, seu cérebro vai buscar respostas para isso. Mas, se pergunta ‘o que pode tornar meu dia melhor?’, ele muda o foco. E onde colocamos nosso foco, colocamos nossa vida”, afirma.

Henrique também aborda o “viés da negatividade”, mecanismo evolutivo que nos faz prestar mais atenção aos perigos do que às coisas boas. Para contrabalançar esse efeito, sugere uma prática simples e poderosa: o exercício da gratidão. “Basta parar, respirar e lembrar de três coisas boas que aconteceram nas últimas 24 horas. Feche os olhos, reviva esses momentos e escreva: ‘eu sou grato por...’. Faça isso por 30 dias. É cientificamente comprovado que esse hábito transforma o funcionamento do cérebro”, garante.

Organizações com colaboradores mais felizes são 31% mais produtivas, têm 22% mais rentabilidade e são 300% mais inovadoras.Organizações com colaboradores mais felizes são 31% mais produtivas, têm 22% mais rentabilidade e são 300% mais inovadoras. (Foto: Foto: Shutterstock)

Ambiente corporativo

No contexto das empresas, a felicidade tem efeitos tangíveis. De acordo com pesquisas citadas pelo especialista, organizações com colaboradores mais felizes são 31% mais produtivas, têm 22% mais rentabilidade e são 300% mais inovadoras. Também enfrentam menos rotatividade (redução de 51%) e menos absenteísmo (37%).

Mais do que números, o impacto é humano. “Quando um colaborador volta para casa emocionalmente esgotado, ele não consegue estar presente para os filhos, para a família. Isso gera um ciclo de esgotamento que ultrapassa os muros da empresa”, aponta.

Ele defende que o papel das lideranças é criar ambientes que promovam bem-estar. “O líder precisa ser alguém que pergunta de verdade como o outro está. Olho no olho. Atenção genuína transforma relações e impacta diretamente a saúde emocional das equipes.”

Desafio das empresas

Mesmo reconhecendo que muitas empresas ainda resistem a incorporar esses temas, especialmente as de menor porte, Henrique destaca dois fatores de mudança em curso: a exigência legal e a dificuldade crescente de atrair e engajar talentos. “A geração atual não quer apenas salário. Ela quer propósito, equilíbrio, reconhecimento. Se a empresa não oferecer isso, vai perder gente boa.”

“A felicidade no trabalho não é um luxo. É uma necessidade estratégica. Assim como a obrigatoriedade do cinto de segurança salvou vidas, medidas voltadas à saúde mental podem salvar mentes. Não dá mais para ignorar”, assegura.

Felicidade e saúde

Por fim, Henrique lembra que o bem-estar emocional influencia diretamente a saúde física. Reduz o estresse, fortalece o sistema imunológico, melhora o sono e até regula a pressão arterial. “Felicidade influencia a longevidade. É um investimento de vida”, resume.

E encerra com um convite à reflexão:
“Uma vida feliz não é aquela em que tudo está bem. É aquela em que aprendemos a viver com equilíbrio entre os desafios e as alegrias. Onde há espaço para a dor e também para o encantamento. Onde cultivamos o ‘e’, e não o ‘ou’: eu tenho dificuldades e sou grato. Eu caio e me levanto. Eu posso não controlar tudo, e ainda assim escolher o que fazer com aquilo que me acontece.”

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